As respostas que o Google não tem

As respostas que o Google não tem

“Em um mundo em que o Google tem todas as respostas é preciso aprender a fazer as perguntas certas” 

A frase de uma postagem no LinkedIn, me provocou. Entendo o objetivo de incentivar o público a ser mais questionador e ir além do senso comum. Bom, é justamente isso que me permite questionar a própria frase.

Existe resposta para tudo?

As respostas já dadas são o suficiente?

Elas estão todas na internet? Em um navegador?

Existe pergunta "certa"?

Mesmo com uma pergunta super criativa e acesso a todas as informações disponíveis na internet, tem resposta que você não vai encontrar por lá, ainda mais aquelas relativas a quem você é, de verdade.

Mais fácil terceirizar? Fato. Melhor? Nem sempre. Afinal, como seria bom se alguém nos desse prontas, as respostas que procuramos. No entanto, mais do que encontradas, essas respostas talvez precisem ser construídas a partir de nós, das nossas vivências, atitudes e escolhas e isso exige movimento.

Muita gente está em transição de carreira, e busca um trabalho que faça mais sentido para sua vida, como um todo. E a pergunta “O que fazer da vida” é uma das primeiras que bate à porta.

Então, antes de descartar qualquer hipótese, eu digitei no Google “O que faço da minha vida?”

E não é que teve resposta, ou melhor, resultados. Pra ser mais exata, 115 milhões de resultados em 0,68 segundos. Em menos de um segundo! Fácil não é? 115 milhões de soluções e você achando que não tinha nenhuma.

O problema, é que os resultados não tiveram como ponto de partida quem eu sou, então como saber o que é melhor pra minha vida, o que eu deveria fazer. Então as primeiras perguntas deveriam ser quem sou eu, o que eu quero?

Ah, já sei, talvez pesquisar no Google ajude, afinal, ele tem todas as respostas (contém ironia). 

No meu caso, foram aproximadamente 905 mil resultados em 0,29 segundos, mais rápido até do que saber o que fazer com a vida. Só tem um problema… nem todas as Gabrieles dos resultados, são esta que vos escreve. E mesmo as pesquisas que se referem a mim, não somam 10% de quem sou, muitas vezes são repetições, ou apenas resultado do que já fiz. Isso pode refletir parte de quem eu sou, mas não o todo.

A gente muda tanto, todo dia. Será que dá mesmo pra confiar que o Google (ou alguém) vai ter essa resposta? Será que nós temos ela tão clara? Paramos para pensar nisso, ou aceitamos o que é referenciado pelo outro (família, trabalho, escola, sociedade)?

Mas a questão não é apenas a internet. Quantos livros por aí apresentam “um conjunto fácil de regras" para saber o que fazer da vida para ter sucesso, para ser feliz, parar de procrastinar, conquistar o emprego dos sonhos, o parceiro dos sonhos, ter os filhos dos sonhos. Não que esses livros, manuais ou tutoriais, não possam te provocar, motivar, ou mesmo inspirar, euzinha aqui já li vários. 

Mas, até agora não teve milagre, e eu continuo esbarrando, errando, acertando, adaptando. Muita coisa eu li, e esqueci. Algumas reflexões foram boas para o momento, outras nem tanto. Tem aquelas até que adaptei e dei aquele “jeitinho", mas não o brasileiro, foi o “Gabrieleiro" mesmo.

Os exemplos são válidos e podem nos inspirar, mas seguir à risca modelos prontos tende a ser um caminho direto para a frustração. O que é sucesso para o outro, pode não ser para você, o que faz bem ao outro, pode não estar alinhado ao que te faz bem. Não é receita de bolo.

Eu aprendi que o caminho é de cada um, e o sentido, vem do sentir. É preciso sentir a direção, para fazer o caminho.

Já diria a Brené Brown, sim, aquela pesquisadora famosa por falar de vulnerabilidade. “o que nós sabemos tem importância, mas QUEM nós somos importa muito mais. 

E quem se é de verdade, só a gente pode descobrir.

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