Rio de Janeiro, a cidade das startups?
Não é novidade para ninguém que o Vale do Silício, na Califórnia, é o principal polo de empreendedorismo no mundo. Essa liderança, naturalmente, é fruto de uma série de fatores, que vem sendo implementada há muitos anos. Walter Isaacson, o biografo de Steve Jobs, comenta que esse fenômeno só ocorre quando sementes maduras caem em solo fértil.
Na realidade, esse processo de sucesso conta com três fatores chaves, segundo Mauricio Benvenutti, brasileiro radicado na Califórnia. O primeiro é o acesso ao conhecimento, o chamado know how, imprescindível para se construir os projetos inovadores. O segundo é a atitude de rebeldia, disruptiva, onde o empreendedor afronta os padrões já existentes e ambiciona mudar o mundo com a sua ideia. O terceiro é o capital, ou seja, investidores que flertam com o risco e estão dispostos a injetar dinheiro nessas startups. Um fator depende do outro e, em conjunto, fazem dessa mistura explosiva.
Ainda segundo Benvenutti, se nesse ecossistema só existir capital, prevalecerá o domínio dos recursos naturais, como acontece no Golfo Pérsico com o petróleo, por exemplo. Se adicionarmos o conhecimento, esses mercados tendem a se concentrar dentro das empresas já estabelecidas, ou seja, sem inovação. Se existir só conhecimento, tornam-se economias de mercado. É o exemplo da Índia, especializada em exportar bons programadores para clientes de outros países. E quando há somente a atitude disruptiva, formam-se economias de subsistência, ou seja, ativismo social e criações artísticas, mas sem se construir grandes negócios.
O Brasil, hoje, representada por São Paulo, ocupa somente a décima-segunda posição no ranking de centros mundiais de empreendedorismo e perderá posições no próximo. O Rio de Janeiro, infelizmente, sequer figura. No entanto, a cidade reúne os três atributos acima e poderá desenvolver o quarto, consistente na criação de centros de empreendedorismo, como acontece na Tech City de Londres. A região do Porto Maravilha, por exemplo, seria o local ideal como solo fértil para plantarmos essas sementes. E um detalhe pouco abordado e pouco explorado: um dos maiores legados dos Jogos Olímpicos foi deixar a cidade toda cabeada, em um luxo de fibra ótica sem igual em qualquer outra cidade do mundo.
Em tempos em que a cidade é arrasada pela corrupção, violência e má gestão, o caminho é apostar no empreendedorismo e no incentivo pela proliferação de startups como esperança para dias melhores.
Helder Galvão é advogado, fundador do Coletivo NÓS 8
Fundador da Hub Makers
7 aEduardo Pacheco
Director of Product - Fintech @QuintoAndar
7 aCaio Oliveira
Reinventando o Direito
7 aMuito interessante a análise, Helder Galvão! O Rio realmente conta com diversos elementos propícios para a formação de um ecossistema forte, mas infelizmente o que observamos é apenas uma debandada de empresas e indivíduos ligados ao ambiente de inovação. O estímulo do Estado é fundamental para a criação de um novo círculo virtuoso...