A RUPTURA. Somos resultado do que aprendemos?
Havia um homem, na Idade Média, que era iletrado como grande parte do povaréu que vivia em torno do velho mosteiro. Percebeu, apesar de sua ignorância, que os monges detinham grande saber. Uma grande curiosidade fomentou suas entranhas e, um dia, aproveitando uma oportunidade de trabalho ocorrida com uma seca na região, se ofereceu para carregar água para abastecer a cisterna do mosteiro. Foi a tudo observando. Nenhum detalhe escapou de seu interesse em descobrir a razão da diferença: como uma muralha separava o saber da ignorância, os discursos eloquentes da fala atravessada! Ganhou, em seguida, a confiança dos monges e se tornou um serviçal capaz de aprender apenas ouvindo e vendo. Fazia perguntas e os monges mais velhos explicavam, se tinham tempo para isso.
Um dia o chamaram para uma nova tarefa num local modorrento, com cheiro de mofo, repleto de peças, pergaminhos e o que ele veio a saber em seguida, livros. Viu que muitos monges, apesar do saber, se debruçavam horas a fio sobre aqueles objetos, com a máxima introspecção. Aqueles documentos eram importantes, relevantes, tinham um valor imenso, pensou. O homem percebeu, então, que as respostas que procurava não estavam dentro do mosteiro, mas sim dentro das pessoas e naquele velho Recinto do Aprendizado. Estava ali, a diferença. Nos livros encontrara o Saber. Este faz a diferença!
Fonte: livro de Silvio Luzardo, “Eu! Falando em Público? Sim. Agora é a sua vez.” Ed Paulus-SP, 2010.