São Francisco de Assis – o primeiro ambientalista da humanidade, o coração do novo século: Dia 4 de outubro

Conhecido como o santo dos pobres, dos animais, da natureza e da paz é comemorado o dia de São Francisco de Assis em 4 de outubro, um dia após a sua morte em 3 de outubro de 1226. Antenado com o século XXI, mesmo 793 anos após a sua morte, seus ensinamentos nunca foram tão necessários. A urgência de pensarmos o planeta como São Francisco está muito presente quando lembramos que ele afirmava que tudo que existe é consciência, tudo é irmão e irmã, aproximando-se da física quântica. Ensinamentos consagrados no Cântico das Criaturas onde fala da “Irmã Lua e as Estrelas”, do “Irmão Vento e pelo Ar e Nuvens e Sereno” e pela “Irmã Água”, que é tão “humilde e preciosa”, falava Francisco da Mãe Terra que tanto sofre. Tinha a visão de que nós somos construídos pelos elementos do planeta: “Nós somos Natureza”, novamente com uma visão quântica e ambientalista dos dias de hoje.

Suas diversas histórias confirmam seu amor aos animais e um dos acontecimentos (milagres) mais marcantes aconteceu quando se conectou com os pássaros que o cercaram. Ele promovia encontros cósmicos e os pássaros e as aves o cercavam para cantarem juntos a alegria da existência. Outra história conta que promoveu a paz entre um lobo e uma aldeia. Os lobos deixaram de atacar a comunidade em troca de comida. Imaginamos que foi assim que se iniciou a domesticação de cães selvagens, como o pastor alemão, com as pessoas.

Há mais de 800 anos Francisco vem celebrando a natureza e agora sua mensagem se tornou uma questão de sobrevivência. Nossa Terra nunca precisou tanto deste espírito de Francisco de Assis. Podemos considerá-lo o primeiro militante das causas socioambientais.

A terra nos proporciona o alimento e as flores, dizia Francisco.

Hoje outro Francisco – o Papa – nos convoca novamente para Francisco (o de Assis).

Neste mês de outubro de 2019, após 800 anos de São Francisco, está acontecendo o mais importante evento socioambiental dos últimos tempos, o Sínodo para a Amazônia, com o tema: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma Ecologia Integral”. Independentemente de estar sendo promovido pela Igreja Católica, é um evento de todos os povos, envolvendo diretamente nove países conectados pela maior floreta do mundo: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. O objetivo é reconhecer a luta e a resistência dos povos da Amazônia fortemente atingidos pelos mais de 500 anos de colonização e destruição dos recursos naturais, a expansão agrícola, os grandes projetos e o crescimento das cidades.

Francisco, o Papa, ressaltou em Porto Maldonado, no Peru, a riqueza dos saberes dos povos indígenas e falou das ameaças provocadas pelos interesses econômicos. O Sínodo para a Amazônia e as mensagens de Francisco (o Papa) nos clamam por Francisco (o Santo).

           Precisamos de uma transformação de valores e de comportamentos. Filho de Pietro de Bernardone, próspero comerciante de seda com uma nobre francesa, recebeu o nome de Francesco em homenagem a França, onde nasceu durante uma viagem de negócios de seu pai. Criado na riqueza, apreciava os trovadores, artistas e poetas da Idade Média. Desfilava quando jovem com vestimentas de luxo, gastava muito dinheiro com prazeres e futilidades.

Mas, há relatos que desde esta época já demonstrava inconformismo com as injustiças que o cercavam e, numa ocasião, quando estava trabalhando na loja da família, doou toda a receita para um mendigo. Claro que levou uma bronca do pai e virou chacota entre os amigos.

Aos 20 anos de idade, participou de uma missão militar contra a Perugia, ficou um ano prisioneiro e adquiriu uma doença que causou uma reavaliação sobre sua vida. Teve uma visão de Jesus Cristo, despertando para as injustiças sociais. Voltou para Assis e transformou completamente seu estilo de vida. Em uma peregrinação até Roma se juntou aos mendigos que viviam esmolando em torno da Basílica de São Pedro. Quando voltou a Assis, renunciou todas as suas riquezas. Transformou-se em um penitente e captava recursos e reformava as capelas abandonadas. Prestava assistência aos leprosos e vestia-se com uma túnica de lã amarrada por uma corda. Pregava a paz e o amor, conquistando vários seguidores, e fundou a Ordem Franciscana que até hoje é uma das mais importantes de Igreja Católica. Ajudou também a sua parceira Clara a fundar a Ordem das Clarissas, composta por mulheres que abdicaram de suas riquezas.

E, inspirados nesta figura carismática, antenada com os tempos atuais, criamos o Projeto ProPets, que atua na proteção animal. Nos orgulhamos de estarmos ampliando a mensagem de Francisco de Assis. Acreditamos que todos os seres vivos são sagrados e que devemos acolher os que se encontram sob qualquer tipo de risco e abandono. Assim como São Francisco, convocamos a todos para uma reflexão sobre o cântico de celebração pelo Planeta.

Texto de: Francisco Pontes de Miranda Ferreira e Maria Emilia Nascimento