Sênior antes da maioridade
Claro que o título deste texto tem uma certa carga de exagero (acho eu). Mas, venha cá: E essa "adultização" precoce? Eu vejo cada vez mais as empresas dando poder de decisão sobre assuntos importantes a profissionais que mal saíram da faculdade. Calma, eu sei que há excessões, eu sei que existem jovens muito capazes, alguns até além do seu tempo. Mas, generalizando, vejo muitas empresas semeando a soberba e colhendo maus resultados sem que os responsáveis sintam a menor culpa. A famosa "planilha das agências de publicidade" (mas que se aplica a todos os ramos de atuação) está aí pra não me deixar mentir. Profissionais arrumaram um jeito anônimo de desabafar e criticar seus gestores sem assumir responsabilidade alguma por maus resultados ou por suas demissões. Não pedem feedback, não se atualizam por culpa da falta de tempo para os estudos, mas chegam nos trabalhos (às 10:00), abrem as redes sociais, o site de notícias, postam criticando o governo ou seus opositores, buscam uma foto legal para o próximo #TBT e, quando se dão conta, está na hora do almoço (de duas horas).
Do outro lado, está o empregador que, por conta da crise, das leis trabalhistas ou simplesmente para lucrar mais, contrata com salários baixíssimos, coisa que apenas os "juniores" aceitam, dando a eles uma carga de trabalho, responsabilidades e necessidades que estão acima de sua capacidade, até mesmo pela falta de vivência e bagagem. Isso gera reclamação, falta de motivação, depressão, resultado aquém do esperado, clientes insatisfeitos e... reclamação na "planilha das agências de publicidade" (mas que, repito, cabe a todos os ramos). Sem falar nas madrugadas trabalhadas...
As empresas deveriam tratar os jovens como jovens, como aprendizes, como futuro profissional. Essa é a melhor coisa que pode acontecer para suas carreiras. O estagiário está na corporação para aprender, não para fazer o trabalho de um pleno. Se essas etapas não forem ignoradas, a grande maioria desses garotos e garotas, ao invés de ficarem frustrados com o segmento, com patrões e com o "sistema", crescerão como grandes profissionais, sabendo de sua importância dentro da empresa sem a soberba que esconde a insegurança de um jovem que até semana passada estava comendo bolachas com Toddy enquanto assistia Sessão da Tarde ou jogava Fifa depois do almoço.