Saúde Digital: está na hora de transformar promessas em ação
Em meio à expectativa de crescimento econômico, setor deve combinar gestão, pessoas e tecnologia para fazer a diferença em 2020
Por Franco Motta*
Estamos na época das promessas de ano novo. Algumas pessoas se comprometem a adotar hábitos de vida mais saudáveis, outras garantem que vão praticar mais atividades físicas ou alimentar-se melhor. Quem atua no setor de Saúde também faz suas promessas. Mas, para que elas se transformem em realidade e possibilitem a chegada definitiva da Saúde Digital no Brasil, é fundamental a combinação de gestão, pessoas e tecnologia. Essa é a tríade que impulsiona a transformação das promessas de ano novo em ações efetivas que promovem a mudança do setor. Vou abordar aspectos de cada uma delas neste artigo.
Na gestão, o planejamento é a peça fundamental para garantir que a transformação digital na Saúde trará os resultados esperados. E para que a Saúde Digital seja realidade já em 2020, esse planejamento deveria ter sido iniciado ainda no ano anterior - como bem sabem os versados em administração. Mesmo assim, não se trata de uma desculpa para ficar parado. Com o uso de metodologias modernas, como a ágil e o design thinking, é possível trazer a inovação para o dia a dia das organizações de Saúde já a partir de agora. Esse será um diferencial fundamental em um mercado com potencial de recuperação econômica e, ainda, sacudido por fusões e aquisições - que já estavam bastante aquecidas no ano passado.
Já no aspecto ‘pessoas’, não será mais possível negligenciar esse pilar. Afinal, os colaboradores são a peça-chave para trazer valor à Saúde Digital. E a missão é complexa em um setor que, mesmo diante de uma economia em lenta recuperação, contratou mais que a média nacional. Segundo o Relatório de Emprego na Cadeia Produtiva da Saúde, do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), a Saúde correspondeu a 21,9% dos empregos gerados entre outubro de 2018 e o mesmo mês de 2019. Ao todo, foram criadas 491,9 mil vagas de trabalho formal, sendo que 107,6 mil se concentram no setor de Saúde.
Com o uso de metodologias modernas, como a ágil e o design thinking, é possível trazer a inovação para o dia a dia das organizações de Saúde já a partir de agora.
Com tantas contratações e um alto índice de turnover, é fundamental investir em treinamento e capacitação para garantir a adesão e uso efetivo de novas tecnologias, que, aliás, são o motor para impulsionar as transformações do setor. É preciso, ainda, formar lideranças que combinem conhecimentos específicos de Saúde e gestão a uma vontade de mudar a forma como funciona o mercado e as organizações como um todo. São eles os grandes incentivadores da adoção de tecnologias disruptivas que trarão mudanças estruturais às instituições de Saúde.
E falando em tecnologia, nosso último pilar é crucial para conduzir o Brasil à era da Saúde Digital. Mas ele não deve ser visto como uma solução para todos os problemas. Sem observar os demais pontos dessa tríade, a tecnologia não resolve os desafios de organizações tão complexas como as de Saúde. Pontos como integração de sistemas, interoperabilidade, mineração de dados e inteligência artificial serão cruciais para os gestores que planejam revolucionar o setor já em 2020.
Não será um ano fácil - afinal, toda mudança traz consigo desafios antes sequer imaginados. Mas não dá mais para ficarmos somente nas promessas. A Saúde Digital é imperativa em todo o mundo - e as organizações que ficaram de fora correm o risco de não sobreviver para ver a chegada dessa nova década.
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