Saúde mental em crise: como enfrentar o aumento de transtornos no Brasil?
Como se não bastasse ter sido considerado o país com o maior índice de ansiosos do mundo, o diagnóstico de depressão aumentou 41% no Brasil entre o período pré-pandêmico e o primeiro trimestre de 2022, de acordo com pesquisa conjunta da Vital Strategies e Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Esse primeiro "título" foi apurado no levantamento de mapeamento global de transtornos mentais, da Organização Mundial da Saúde - OMS, em 2017 - ano em que o país registrou 18 milhões de pessoas nessa condição; no mesmo estudo, o Brasil foi considerado o terceiro com maior índice de depressivos (11 milhões).
Mesmo com o Brasil nessa posição, vale lembrar que este é um problema mundial. Dentro desta realidade, nos países de baixa e média renda, entre 76% e 85% dos pacientes com transtornos mentais, não têm acesso a cuidados de saúde mental necessários, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde.
Há ainda um estigma quando falamos neste assunto, como se os determinantes da saúde mental dependessem apenas da individualidade de cada paciente - o que não é verdade.
Ainda de acordo com a Organização, os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais também interferem na saúde mental da população. O documento afirma: “Estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais também são fatores que contribuem para os transtornos mentais”.
Os efeitos negativos dos transtornos mentais são diversos. De acordo com o Ministério da Saúde, passam por diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis. apatia, falta de vontade e indecisão; e sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio. Em casos mais graves, da depressão, por exemplo, o paciente pode desejar morrer e até tentar suícidio.
Como podemos perceber, os prejuízos relacionados à saúde mental são diversos, e ela é tão importante quanto a física; os transtornos mentais estão longe de serem frescura ou um simples desânimo.
Recomendados pelo LinkedIn
Lançamento do Centro Nacional de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental
Atentos a esta crise da saúde mental no Brasil, em que muitos portais de notícias já intitulam como “2ª pandemia”, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo inaugurou, por meio do Instituto de Psiquiatria (IPq), o Centro Nacional de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) - que funciona desde março.
Algumas das pesquisas iniciais previstas incluem o estudo dos transtornos mentais em jovens, investigando fatores genéticos e ambientais, bem como a avaliação científica da eficácia de novas tecnologias inovadoras que possam ajudar pacientes que sofrem de doenças mentais no país.
A criação do projeto abre espaço também para mais de 100 bolsas, entre iniciação científica, doutorado e pós-doutorado. Professores das escolas estaduais de São Paulo também devem receber treinamento em saúde mental, por meio do CISM.
Inicialmente, 27 UBS de Jaguaríuna e Indaiatuba, em parceria com a UniEduK, poderão contar com o aplicativo Conemo, que trabalha com sintomas de algumas doenças mentais. A ideia é promover a redução das manifestações e auxiliar a população local.
Ao todo, foram investidos R$ 40 milhões, sendo R$ 20 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e R$ 20 milhões do Banco Industrial do Brasil (BIB).
Esse projeto foi possível graças a uma equipe multidisciplinar e ao conhecimento integrado, resultantes da parceria entre o IPq-HCFMUSP, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o BIB, grupo UniEduK e as prefeituras de Indaiatuba e Jaguariúna.
E vale destacar que o projeto também conta com apoio internacional de grupos renomados, como a Universidade de Yale, a Universidade de Harvard e o Instituto Karolinska.
Cirurgião Dentista HCFMUSP
1 aEspero sinceramente, que os pacientes psiquiátricos de baixa renda também sejam beneficiados com este projeto.