Sabe o que é Quiet Working?
Já ouviu falar de “quiet working”? É possível que não. Com o “quiet quitting” na ordem do dia, há ainda quem saia em defesa das boas condições de trabalho. A Strategy+Business partilha reflexões sobre este novo fenómeno e as suas variantes.
Quiet quitting viral
O “quiet quitting” tornou-se viral no verão de 2022. A questão sobre este fenómeno tinha duas expressões: seria só sobre a necessidade de estabelecer limites entre a vida pessoal e profissional, ou tornar-se-ia num fenómeno social real.
É claramente o último. Um recente questionário da Gallup feito a colaboradores nos Estados Unidos da América concluiu que o número de pessoas que dizem que estão ativamente distantes dos seus trabalhos está a aumentar, totalizando agora metade da força de trabalho.
Uma explicação possível para isto estar a acontecer é o facto de muitas pessoas terem ficado a trabalhar em casa, desde o início da pandemia, e os laços emocionais com as empresas terem enfraquecido.
Além disso, as pessoas estão sob stress, e todas as incertezas e perturbações tiveram um preço emocional. Outra explicação é que as gerações mais jovens estão a reavaliar o papel do trabalho nas suas vidas e não querem fazer o tipo de sacrifícios que viram os seus pais a fazer.
Quiet Working, em defesa do trabalho
“Quiet working” não é tão cativante quanto “quiet quitting”, mas algumas pessoas defendem ainda o trabalho. Há pessoas que gostam de trabalhar, e o acham gratificante; gostam de aprender, descobrir e fazer coisas novas.
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E é isso mesmo que é o quiet working: arranjar novas maneiras de tornar o trabalho, que à partida é aborrecido, em algo interessante.
Lisa Gersh, ex-CEO da marca de moda Alexander Wang, contou em entrevista ao The New York Times que quando trabalhava na caixa de um supermercado tentava tornar o trabalho menos aborrecido, e mais interessante. “O trabalho pode ser muito maçador, então descobri como torná-lo mais desafiante: memorizei todos os preços da loja. Eu era um scanner humano. Tornou-se quase um espetáculo de circo. As pessoas vinham para a minha caixa só para me ver a fazer isso.”
Há muitos trabalhos que são aborrecidos e repetitivos, e isso faz com que nos distanciemos e nos desmotivemos. Além disso, também há ainda más lideranças, que tornam a vida desnecessariamente mais difícil.
No entanto, parece que a expressão “quiet quitting” é um teste para as pessoas avaliarem a sua relação com a empresa. A sua reação depende se veem os seus empregadores enquanto adversários, ou como uma equipa.
Além disso, os líderes precisam também de fazer mais e melhor para tornar o trabalho mais interessante. Precisam de articular claramente como é que as pessoas podem contribuir e o que é esperado deles. As organizações precisam de repensar o “porquê” por detrás de certas políticas da empresa, para que não pareçam diretivas baseadas em falta de confiança na produtividade dos colaboradores.
A questão do “quiet quitting” é complexa, mas há uma responsabilidade partilhada aqui. Maus líderes dão aos seus colaboradores muitos motivos para se descomprometerem com o trabalho. As organizações precisam de fazer com que o trabalho tenha mais valor.