Sabemos lidar com a dor física, mas não aprendemos a lidar com as emoções

"Não vamos esquecer que as emoções são os grandes capitães de nossas vidas, nós obedecemos-lhes sem nos apercebermos". Vincent van Gogh

 Assim como temos um aparelho respiratório, digestivo e reprodutor temos também o aparelho psíquico que é responsável pelo campo das emoções, pelos sentimentos, pensamento e pelo comportamento.

E, ao contrário dos tratamentos médicos que cuidam dos órgãos físicos, não é possível fazer uma endoscopia, ultrassom ou ressonância magnética para que em um curto período de tempo possa se mensurar as variáveis de emoções como raiva, medo, alegria, tristeza ou sentimentos como frustração, desesperança etc… E, também tomar conhecimento de como estes sentimentos repercutem em nosso comportamento e consequentemente afetam todas as áreas de nossa vida.

O modelo de saúde e tratamento atual é baseado em dados concretos de diagnósticos e normalmente os fatores subjetivos são desconsiderados. Mesmo numa consulta médica, diante do diagnóstico de uma gastrite ou alguma alergia, por exemplo, quando o médico comunica tratar-se de uma doença de fundo emocionalpsicossomática ou psicológica, o paciente minimiza o problema e não se submete à psicoterapia como parte do tratamento médico. 

Conformado com o conhecimento de que seu “mal” é “emocional”, fruto do “estresse” ou “coisas da cabeça”, menospreza o fato de que o cérebro é responsável pelas funções do corpo. Ou seja, não valida o diagnóstico nem se submete ao tratamento com um profissional habilitado.

Você sabe reconhecer e lidar com suas emoções?

Normalmente quando uma pessoa sente dor ela sabe que deve tomar um analgésico. Se sente azia, sabe que deve tomar um antiácido. Mesmo que nunca tenha colocado em prática, a maior parte das pessoas tem alguma noção de primeiros socorros.

Mas, e quando sente ansiedade, estresse, frustração? Ou quando é dominada pela raiva pelo medo ou pela angustia? A maioria das pessoas, não conseguem reconhecer e identificar adequadamente o que sentem e se limitam a reagir às sensações, comprometendo a saúde, bem como as demais áreas da sua vida. 

No processo de desenvolvimento e aprendizagem, nos foi ensinado que devemos seguir algumas normas e são necessários certos modos e comportamentos específicos para viver em sociedade; assim, desenvolvemos a inteligência social. Na escola, a educação é orientada para a Inteligência pratica. Ali, adquirem-se conhecimentos e desenvolvem-se habilidades.

Mas não fomos ensinados a reconhecer nossos sentimentos, a lidar com os as emoções e com os acontecimentos da vida.

Não aprendemos a estabelecer contato com o que sentimos, a refletirmos sobre como agimos e a mensurar a intensidade, a validade e a veracidade dos pensamentos e sentimentos, o que tem por conseqüência comportamentos que, em muitos casos, geram prejuízos e sofrimento. Não aprendemos a desenvolver a inteligência emocional.

Os fatores emocionais podem desencadear agravar ou manter um sintoma físico.

Não adianta somente tomar remédio para tratar manifestações físicas como a gastrite ou problemas intestinais, por exemplo, se não desenvolvermos habilidades para administrar o stress ou a ansiedade.

Estes normalmente são ativados por gatilhos emocionais que surgem de preocupações em excesso, de conflitos pessoais, problemas profissionais, doenças ou pensamentos intrusivos, como medos absurdos, seja de morte, de perdas afetivas, de status, segurança ou catástrofes. Pensamentos que embora sejam infundados causam muito desconforto e sofrimento emocional.

O entendimento dos mecanismos psíquicos de cada indivíduo se dá ao longo de um processo de autoconhecimento. 

É importante conhecer as variáveis das emoções e aprender a lidar com elas.

Ignorar os sentimentos ou colocá-los em segundo plano pode afetar a qualidade da vida emocional, das relações pessoais e, consequentemente, a saúde. É possível aprender a lidar com a intensidade das emoções e a desenvolver uma postura mais assertiva nas relações pessoais e perante a vida.

Infelizmente, por falta de informação, algumas pessoas alimentam a ideia de que quem procura um psicólogo ou psiquiatra é maluco. Acreditam que só quem tem graves problemas busca tratamento psicológico, e não associam saúde mental/emocional como aspectos importantes para a saúde e para a vida de modo geral. 

Porém, Todo preconceito é fruto da ignorância e da resistência e algumas vezes este pensamento aparece como resistência e dificuldade da pessoa em reconhecer que poderia se submeter a um tratamento psicoterápico.


“Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar”. Friedrich Nietzsche


É comum também as pessoas que convivem com quem entra na psicoterapia se utilizarem desta fala para desqualificar o procedimento. Pois o ganho do paciente em alguns casos é a perda de quem se alimenta das dificuldades dele. 

O processo psicoterápico possibilita transformação e mudanças comportamentais significativas a quem se submete ao tratamento.

“Perguntas-me qual foi o meu progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo”. Sêneca

A psicologia pode te ajudar a compreender sua singularidade e a desenvolver estratégias para lidar com as adversidades inerentes à vida e às relações com o outro. 

Tudo se dá a partir de aprender a desenvolver potência e criar novas perspectivas para a própria vida, que é única e singular. 

O processo psicoterapêutico favorece o crescimento, o desenvolvimento e o amadurecimento pessoal. Possibilita uma observação mais contundente de padrões de comportamentos disfuncionais e ajuda a estabelecer posturas mais construtivas diante das dificuldades. 

Mary Scabora

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