Salve o tema livre!

Salve o tema livre!

Atenção, turma! Redação! Tema livre. Ah não, tema livre? E agora, o que vou escrever? Mas são trinta linhas mesmo, não podem ser só umas quinze? Calma aí, só duas horas para fazer? Impossível, professora! Soou familiar esta historinha? Pois bem, a grande maioria das pessoas que estiver lendo este texto, certamente já deve ter passado maus bocados, ou ouvido vários relatos sobre aquelas intermináveis redações-surpresa na sala de aula, com o ‘fatídico’ tema livre como pano de fundo. Como assim discorrer trinta linhas sobre algo qualquer? Não dá, não faço ideia do que escrever a respeito… Pera aí, como assim não faz ideia?

Já há algum tempo, temos a nítida sensação de que as vinte e quatro horas do dia não são mais suficientes para absorver tamanha quantidade de dados e informações que nos são bombardeadas através dos mais variados dispositivos e meios de comunicação. Seja através de telas ou monitores, links ou e-mails, o volume de conteúdo é assustadoramente grande para permitir discorrer sobre todo e qualquer assunto que a sua imaginação e opinião puder e/ou quiser falar e escrever. Se aprofundar então, mais difícil ainda!

Segundo pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, a quantidade de informação produzida entre os anos de 1986 e 2007 chegou à impressionante marca de 296 exabytes, “o equivalente a uma pilha de CDs de 400 metros de diâmetro, capaz de ultrapassar a altura da Lua” – afirma Martin Hilbert, coordenador responsável pelo projeto (lembrando que 1 exabyte equivale a cerca de 1 bilhão de gigabytes). E de acordo com este mesmo estudo, uma pessoa é capaz de, em média, comunicar cerca de seis jornais completos por dia, seja em conversas, mensagens ou troca de dados.

Mas então, qual a dificuldade de encarar uma redação com tema livre afinal? Se consigo produzir e processar tamanha quantidade de informação, porque é tão difícil escrever sobre qualquer coisa? A grande questão, portanto, é conseguir colocar no papel e verbalizar tudo aquilo que conseguimos absorver do dia a dia. A informação cada vez mais faz parte das nossas vidas, e se não nos dedicarmos a entender isso, não seremos capazes de compreender essa infinidade de informações, e nem conseguiremos passar nosso conhecimento adiante, tamanha será a nossa dificuldade em nos aprofundarmos sobre algum tema.

Escrever, seja sobre o que for, é tão importante quanto respirar. É um exercício diário de contextualizar tudo aquilo que você vê, lê e aprende no seu cotidiano.

Você não precisa ser prolixo, criativo, ou escrever de forma jornalística. O importante é conseguir colocar no papel (ou na tela) um pouco de tudo aquilo que você vivenciou. As experiências que você teve, os conselhos que ouviu, as dicas que você pegou, etc. Enfim, tudo aquilo que você puder acrescentar ao seu texto será muito útil para formatar um raciocínio e compartilhar um conteúdo com outras pessoas.

Quer uma dica? Comece escrevendo sobre atualidades. Isso vai te ajudar a “digerir” tudo aquilo que está sendo veiculado pela mídia e o que acontece em seu próprio país. Mas para isso, é preciso ler jornal, assistir a noticiários televisivos, etc. Enfim, se informar. E como o hábito da leitura não é uma coisa que se adquire de uma hora para outra, é importante ir mastigando um pouquinho de tudo, nem que seja para ler as primeiras páginas dos jornais, ouvir os noticiários e procurar mais informações na internet, ou ainda ater-se aos detalhes que facilitem sua escrita.

Então, da próxima vez que uma redação com tema livre surgir na sua frente, ao invés de se desesperar e começar a suar frio diante do monitor, ou da velha folha de papel almaço, respire fundo e comece pelo começo. Faça uma breve introdução, dando uma visão geral sobre o assunto, desenvolva seu raciocínio de forma lógica e termine com uma conclusão, uma ideia de como tudo aquilo te levou a chegar até ali. Não esqueça das referências, de citar as fontes e do maldito Acordo Ortográfico! E lembre-se: escreve melhor quem lê mais.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de João Anzanello

  • A Era da Comunicação Reativa

    A Era da Comunicação Reativa

    Adeus briefings, problemas e desafios. Vivemos a Era da Comunicação Reativa.

  • ¿Por qué no te callas?

    ¿Por qué no te callas?

    Por quê temos essa necessidade quase que doentia de emitir opinião sobre qualquer coisa hoje em dia, hein? Pra quê? Pra…

  • O Fenômeno da Compra Impulsiva

    O Fenômeno da Compra Impulsiva

    Clicou para comprar um produto, mas acabou levando outros dois que combinavam com ele. Viu aquela promoção na vitrine…

  • Vamos falar sobre conteúdo de marca?

    Vamos falar sobre conteúdo de marca?

    Em jornalismo, o lead é a primeira parte de uma notícia. Geralmente, ele é o primeiro parágrafo que destacamos, aquele…

  • Ouvindo o galo cantar

    Ouvindo o galo cantar

    Sabe aquele texto que você realmente nunca leu, aquele do qual você realmente nem chegou a ultrapassar a barreira da…

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos