Sambando a gente também sai da crise, por Luccas Saqueto
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Sambando a gente também sai da crise, por Luccas Saqueto

Quando a gente entende o que é o carnaval, passamos a respeitar mais quem faz parte da festa, e a importância da festa para a economia.

Desde que me entendo por gente gostei de acompanhar os desfiles e ver a apuração do desfile de Carnaval, sempre torci e gostei da Rosas de Ouro, talvez por ser a escola mais perto da minha casa. Mas, meu contato mais direto com o mundo do carnaval começou já na faculdade, há cerca de dez anos, quando através de um amigo comecei a frequentar a quadra da Rosas de Ouro.

É impossível estar vivo e não se arrepiar quando a bateria começa a tocar. Ali tive certeza de que minha escola de samba era a Rosas de Ouro. De lá para cá desfilei e fui diretor de ala por alguns anos na escola. 

Ainda quando estava na graduação na PUC, também ajudei a fundar um bloco de carnaval de rua chamado "Bloco do Pequeno Burguês". O nome foi inspirado na música do Martinho da Vila que conta a história de um jovem universitário que enfrenta os desafios de estudar em uma faculdade particular e administrar a rotina de trabalho e família. 

A partir do bloco, conheci outras escolas de samba e tive contato com o tradicional bloco "Caprichosos do Piqueri", onde conheci o mestre Carlinhos Sebastian. Foi ele quem me ensinou a tocar surdo de primeira e a entender melhor que, apesar de ser uma festa, carnaval é coisa séria, que exige dedicação. Infelizmente, o mestre foi uma das vítimas da Covid-19, ainda no início da pandemia. 

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Depois de aprender a tocar surdo, hoje estou aprendendo, a tocar tantã, com meu amigo e antigo mestre do Pequeno Burguês, o Hugo, que também aprendeu com o Mestre Carlinhos. O tantã, diferente do surdo de primeira é um instrumento tocado em roda de samba, não em bateria de escola de samba.  

Quando a gente entende o que é o carnaval, passamos a respeitar mais quem faz parte da festa, e a importância da festa para a economia. Na porta do Rosas de Ouro eu conheci a Rose, que pagou a faculdade e se formou vendendo lanche na entrada dos ensaios, e tantas outras pessoas que vivem da riqueza que o carnaval produz. 

Além disso, boa parte do contato que temos com a nossa história é através dos enredos e dos sambas-enredo. Como por exemplo, aqueles que falam de histórias e lendas de povos e países africanos ou denunciam as mazelas do período da escravidão. Meu samba-enredo preferido é o do Rosas de Ouro de 1992 (eu tinha um ano de idade) e que conta a história da cidade de São Paulo, destacaria o verso que diz: “Tietê, quero um dia beber você/as crianças virão saciar a sede na conchinha da mão”, sabendo que a GO Associados há pouco tempo trabalhou um projeto importante de despoluição do Rio Pinheiros.

Acredito que os enredos do Rio ou de São Paulo, conseguem explicar a história do Brasil, inclusive a história econômica. Um samba nem tão conhecido e despretensioso, da Unidos da Tijuca de 1988, que falava sobre conversa de bar, resumia a situação econômica daquela época: “Apertaram o gatilho num salário baleado/Outra piada depois desse tal Cruzado (bis)/E segue o tormento "Congelaumentos"/É o preço da alimentação (que confusão)”. 

Inclusive é muito legal ver que nos últimos anos, a cidade de São Paulo entendeu a importância da festa para a economia e passou a organizar um grande carnaval de rua, que incentiva também o carnaval do sambódromo. Só em 2020, a estimativa é que os três maiores carnavais movimentaram mais de R$ 6 bilhões, sendo, o Rio de Janeiro com R$ 2,68 bilhões, São Paulo com R$ 1,94 bilhão e Salvador com R$ 1,36 bilhão. 

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estimou que a folia movimentou algo em torno de R$ 8 bilhões e criou 25,4 mil trabalhadores temporários entre janeiro e fevereiro de 2020. Vale lembrar que o setor de serviços, em especial o turismo, sofreu e ainda sofre com a pandemia. E o carnaval pode ser fundamental nos próximos anos para ajudar o setor a recuperar e alavancar a economia brasileira.

Luccas Saqueto é macroeconomista, mestre em Economia Política e consultor na GO Associados

Danilo Filgueira

Diretor Executivo da Filgueira Corretora | Especialista em Planejamento Financeiro | Gestão de Risco | Blindagem de Patrimônio | Ajudo você a blindar o seu patrimonio e potencializar seus resultados.

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Alencar Milani

Consultor de Gestão | Transformação Digital | Inovação | Treinamentos | Liderança | Resultados

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