A segunda resposta certa
Por: Cesar Eduardo da Silva - LEARN LTDA
5-4=? Quem descobriu o Brasil? Resolva a equação estequiométrica? Você é de direita ou de esquerda? Será que eu compro este ou aquele? “Temos um impasse aqui no nosso departamento e você terá de decidir se está dentro ou não!
A maioria das questões que nos são colocadas no dia a dia giram sempre em torno de uma dualidade principal: Certo ou errado, sim ou não, dentro ou fora... Desde os tempos de criança somos estimulados a dar a resposta certa, porque a outra é a errada. Sempre há apenas uma resposta certa; e agora você deve estar pensando que pelo menos para minhas três perguntas iniciais, sim, óbvio que só há uma resposta certa, certo?
Se tenho cinco parafusos fixando o pneu de um carro e tiro quatro terei um acidente logo a frente, ou, se tenho cinco refeições para cinco pessoas e tiro quatro, logo teremos fome. Quem descobriu o Brasil foi mesmo Cabral? Você está resolvendo uma equação química com condições que na prática não existem? A famosa “Condições normais de temperatura e pressão CNTP” que só existem em livros?
As pessoas encontram o que estão procurando, então mesmo para questões bem simples existe uma resposta alternativa também certa,
e isso é muito bom, se usado para impulsionar a criatividade. O fato de acharmos sempre uma única resposta certa é que ficamos bons na solução de problemas já formulados, porém péssimos na identificação de oportunidades, uma vez que percorremos por métodos padronizados de solução de problemas (8D, MASP, PDCA, DMAIC...). A sopa de letrinhas é grande... Podemos usar estes métodos que funcionam para solução de problemas, porém devemos ter a consciência de que a melhor solução ou ideia nunca é a primeira que lhe ocorre na cabeça.
Assim como na natureza animais e plantas usam camuflagens para esconder suas intenções, os fatos e dados também o fazem com nossa percepção/cognição. Em esportes os times usam de estratégias para fazer o outro time tirar conclusões errôneas, nós também nos enganamos com as soluções para nossos projetos/ negócios interpretando-os segundo o nosso viés de pensamento.
Certa vez eu estava trabalhando para solucionar um problema de quebra de uma peça plástica que era montada em um refrigerador. A primeira solução óbvia do time foi aumentar a espessura, pois iria conferir uma resistência mecânica maior e acabaria com as reclamações dos clientes, porém custaria muito caro. Sempre há uma solução rápida, simples e CARA! Quando propus o contrário – redução de espessura – todos falaram que não fazia sentido, mas com muita insistência consegui ao menos que minha proposta fosse testada: E, Funcionou! Lógico que meu teste proposto foi um experimento fatorial ortogonal fracionado, para poder aprender ainda mais caso não chegasse ao objetivo.
Ótimo, resolvido o problema! Para aquele produto específico conseguimos além de uma melhoria de qualidade, uma redução de custo. Imediatamente após ver os resultados, o chefe coloca a seguinte diretriz: Copiar a solução para todos outros modelos! Porém, aquela solução não funcionou com mais nenhum modelo. Cada um tinha uma particularidade diferente. A solução funcionava apenas para aquele modelo específico; para os outros, deveríamos encontrar uma terceira, quarta resposta correta.
A resposta correta para um modelo, não era a resposta correta para o outro.
“Mas como assim? Os modelos são muito parecidos!” Disse espantado o chefe. Pois é, eles eram parecidos, não iguais!
Situações que comumente ajudam-nos a encontrar uma segunda resposta certa:
- Observação atenta de fatos/fenômenos e processos em andamento: Coloque-se verdadeiramente no lugar do cliente para viver a experiência do processo.
- Nunca pare na primeira sugestão, ou primeira resposta certa. Pergunte muitos “E, se...”.
- Quebre alguns procedimentos e comece de trás para frente “revertendo o problema”.
Lembre que essas dicas são só as “primeiras dicas certas”, certo?
Abaixo o link para você ouvir no formato de Podcast
Obrigado!
https://anchor.fm/cesar-eduardo-da-silva/episodes/A-segunda-resposta-certa-edoenl