Sem medo de ser ridículo

Sem medo de ser ridículo

O quarto mandamento que Deus enviou a Moisés no Monte Sinai diz: “honra a teu pai e tua mãe para que prolonguem seus dias na Terra”. Nos cursos da minha igreja sempre tenho a oportunidade de falar sobre esse mandamento e digo que honrar não é amar. Honrar é não falar e não permitir que falem mal, não maltratar, não desprezar e não deixar passar necessidades. Ou seja, fazer o mínimo para preservar a honra daquele ser humano que te deu a vida. Já amar é fruto de um relacionamento e muitos pais não merecem o amor de seus filhos, pois os maltrataram, desprezaram e traumatizaram. Deus, em sua infinita sabedoria, disse que devemos honrar nossos pais pois Ele sabe que isso é uma questão de saúde mental e espiritual. Se não honramos nossos pais, se falamos mal deles, os desprezamos, deixamos passar necessidades, no nosso subconsciente está se formando a ideia de “pai é mau, mãe é mau” e um dia quase todos nós nos tornaremos pais ou mães. Se estiver gravado no nosso subconsciente que “pai é mau, mãe é mau”, seremos péssimos pais e mães, já que não tem como sermos bons naquilo que consideramos ruim e perpetuaremos traumas e desgraças familiares. O mesmo acontece com a ridicularização do próximo.

Em tempos de internet temos a oportunidade de expor nossas ideias e vontades ao mundo muito facilmente. Ao assistir um vídeo ou ler um texto, imediatamente fazemos um julgamento, o que é natural. Geralmente emitimos opiniões do tipo “gostei”, “não gostei”, “pode melhorar nisso”, “não concordo com aquilo”, “aquela parte ficou ruim”, enfim, falamos sobre o trabalho em si mas não do autor. E quando não gostamos, corremos o risco de ridicularizar a pessoa, é aí que mora o perigo. Ao tratarmos um autor ou profissional com desdém, considerando-o ridículo, além de rebaixá-lo como ser humano, estamos formando no nosso subconsciente a ideia de que se expor é ridículo. Estamos dizendo para nós mesmos que publicar um vídeo sendo iniciante e sem nenhum traquejo diante das câmeras é ridículo e deve ser evitado ao máximo. Que começar em uma profissão pedindo ajuda é se rebaixar e ser ridículo, que lançar seu primeiro livro, que dificilmente será uma obra-prima, é ridículo. E ao considerarmos o esforço alheio ridículo, nos fechamos no nosso casulo, pois é claro que não queremos ser ridículos.

Pensando assim, eu criei um mantra que vivo repetindo mentalmente, “não ridicularize o esforço alheio”. Tendo uma filha de 6 anos que adora vídeos ridículos (ops!) de YouTube, tenho muitas oportunidades de exercitar esse mantra. São crianças, adolescentes, mães, homens e mulheres de todas as idades fazendo novelinhas, brincando de LOL, misturando slimes, cantando e gravando clipes, enfim, fazendo de tudo para ganhar views e, quem sabe, ganhar um dinheiro. É claro que existem casos em que a pessoa se torna ridícula deliberadamente, como o Lucas Neto tomando banho de Nutella, mas quando o esforço é para divertir, sem maldade ou apelação, mesmo que eu não goste nada do resultado, procuro ao máximo respeitar o esforço da pessoa em criar alguma coisa honestamente.

Sei o quanto é difícil hoje em dia construir uma carreira, ganhar dinheiro honestamente, viver da sua paixão, portanto todo esforço honesto deve ser valorizado e incentivado. Devemos lutar contra o impulso de considerar uma pessoa ridícula, porque o mundo gira e amanhã pode ser você que precisará se expor para começar um empreendimento, uma arte ou uma carreira, e não querendo ser o ridículo do momento, seu talento e sua carreira podem morrer no ninho - ou no casulo.


Publicado em www.gutoperetti.com.br/2018/06/15/ridiculo/

Antonio Espinosa

Supervisão de Operações | Field Specialist | Completion | Casing | Operações Offshore

1 a

Faz todo sentido Guto P.

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