SEM PUXAR O TAPETE

Embora a formação de gestores esteja cada vez mais multiprofissional e interdisciplinar, observamos ainda a existência de entraves para a prática colaborativa no ambiente de trabalho, considerada uma das atitudes mais cobiçadas nas organizações contemporâneas. Uma das causas é a postura individualista de uma parte dos profissionais em relação à empresa e aos colegas de trabalho, muitas vezes valorizando apenas os seus interesses e não levando em conta o bem-estar geral e o resultado global.

O cotidiano das empresas é marcado por pequenas sabotagens, que envenenam o relacionamento entre os membros da equipe e prejudicam a qualidade dos resultados. Um dessas sabotagens é a fofoca. Por meio da "rádio-peão", surgem rumores e meias verdades, que fazem as pessoas tomarem atitudes precipitadas e se prejudicaram por isso. Mas não é só isso, as "puxadas de tapete" se multiplicam: dificuldade em reconhecer o sucesso do outro, desconfiança, apropriação de ideias alheias sem dar o devido crédito, exclusão de projetos para prejudicar a visibilidade do colega, favorecimento indevido e "atropelamento de autoridade" são situações encontradas com facilidade.

Existem estudos com profissionais da área da saúde pública, por exemplo, que indicam que esta postura é fruto de uma educação pautada em processos formativos que legitimam modelos baseados na fragmentação do conhecimento e do trabalho, sem o desenvolvimento de inteligência emocional. Em outras palavras, ainda se formam profissionais numa perspectiva disciplinar “encaixotada” que, no futuro, serão expostos a situações que exigirão trabalho em equipe, sem estarem devidamente preparados para isso. É um contrassenso que resulta em implicações para a qualidade das atividades desempenhadas.

A complexidade dos problemas nas empresas exige que o profissional se prepare para cooperar, abrir mão do individualismo, aprender a escutar e a valorizar a opinião dos companheiros. O caminho para melhorar o ambiente de trabalho e "neutralizar" colegas que tem o hábito de "puxar o tapete" é buscar cada vez mais diálogo e compreensão sobre as atribuições de cada profissional dentro do grupo, estabelecendo relações honestas e baseadas no respeito mútuo. Observar o cenário, antes de tomar uma decisão e estabelecer conexões verdadeiras ajudam muito a melhorar o ambiente de trabalho, colaborando para o aumento da confiança entre os membros da equipe e para a consequente melhoria da qualidade de vida de todos.