Sementes plantadas em terra fértil tem tudo para germinar.

Sementes plantadas em terra fértil tem tudo para germinar.

Esta história está completando 20 anos e acho um bom momento de compartilhar. 

Em 2021/2022 o então diretor do CGEE, Gilberto Januzzi (da Universidade Estadual de Campinas ) fez um projeto para levantamento dos cursos de engenharia elétrica no Norte e Nordeste (ele queria saber se o percentual de 30% da aplicação dos recursos de P&D no N/NE previsto na Lei 9.991/20 seria atingido). O grupo do Norte era coordenado pelo prof. Rubens (UFAM) e eu era o vice-coordenador. Fizemos diversos levantamentos, estudos e encontros para elaborar o relatório final que concluiu que: a) faltava capacitação de recursos humanos na área de energia na Amazônia e b) era necessária a implantação de estrutura laboratorial na região Norte. Em resumo, o Nordeste tinha curso de engenharia elétrica nos 9 estados e no Norte somente no Pará e no Amazonas. Se fosse verificada a Amazônia Legal, Tocantins também não tinha curso de engenharia elétrica. No final tínhamos dois problemas:

  • não existia curso de engenharia elétrica no Acre, Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins 
  • não existiam laboratórios de P&D para projetos. 

Esse trabalho foi finalizado em dezembro de 2022 e isso me deixou muito desconfortável já que a Eletronorte onde eu trabalhava no Laboratório Central -Lacen deveria investir os 1% da ROL, anualmente. 

Em fevereiro de 2003, me mudei para Brasília e fui trabalhar na área de operação do sistema elétrico. Fiquei lá por 10 meses, até que no fim do ano, por um destes arranjos políticos, foi criada a Diretoria de Tecnologia (o diretor era o já falecido Dr. Manuel Ribeiro) e eu fui indicado para montar a Superintendência de P&D+I e Eficiência Energética. Àquela época nem sala tinha para trabalhar (rsrsrs). Em alguns meses montamos um time maravilhoso, criamos o Programa de P&D, de Propriedade Intelectual e de Eficiência Energética, mas o resultado do estudo não saia da minha cabeça. 

Assim, em 2004, criamos o Projeto da Rede Amazônica de Conhecimento Energético, apelidado de Projeto RACE. Este projeto tinha como objetivo quebrar um círculo vicioso (Figura 1) e transformá-lo em um círculo virtuoso (Figura 2). Para isso precisamos do apoio da Diretoria Executiva da Eletronorte, da Eletrobras, do apoio dos reitores das universidades da Amazônia e da Finep por meio do FNDTC (elaboramos um projeto de R$ 25 milhões que nunca saiu por causa da burocracia). 

Figura 1 - Círculo vicioso de P&D para a Amazônia
Figura 2 - Círculo virtuoso de P&D para a Amazônia


Aprovamos o projeto na Diretoria da Eletronorte que alocou R$ 10 milhões para começar os cursos por Tucuruí. Aprovamos também uma regra para que todos os alunos pudessem estagiar na Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Tivemos ajuda da Eletrobrás e todos os reitores apoiaram. Também contamos com a ajuda da UFPA, UnB, UFAM e USP para elaborarem 6 projetos político-pedagógico. Cada reitor também indicou um representante seu para viabilizar a implantação dos cursos. 

Essa mobilização está completando 20 anos agora em 2024. 

Implantamos, aliás os reitores com os conselhos universitários é que implantaram os cursos em Tucurui (Nucleo da UFPA) em 2005 (elétrica, mecânica e civil), em Rondônia (UNIR) em 2006, Amapá (UNIFAP) em 2007, Tocantins (UFT) e Acre (UFAC) em 2009 e Roraima (UNRR) em 2010. 

Figura 3 - Número de cursos, alunos e professores.

Sempre acompanhei o progresso dos cursos (número de alunos e professores). Os gráficos mostram essa evolução ao longo dos anos (Figura 3). 

Em 2010 a primeira turma se formou em Tucuruí e contou com a presença do presidente da Eletrobrás e da Eletronorte, além dos diretores a época. Os alunos formados por lá tiveram as melhores avaliações do curso de engenharia elétrica do Pará. 

Figura 4 - Formatura das 1as. turmas em Tucuruí - 2010.

Hoje o núcleo de Tucuruí virou um Campus com muitos cursos, inclusive mestrado, assim como em outras universidades. Al’me disso, o eAmazônia (ex-CEAAC) que é um centro no Acre é fruto deste projeto RACE. 

Esta história é muito mais longa do que está resumido aqui, mas como eu comentei no início. Tem coisas na vida que a gente sabe como começa, mas não tem a menor ideia de como terminam, …

Deixou sua marca meu amigo Frade.

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