SEMIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO EM EQUINOS E BOVINOS.
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SEMIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO EM EQUINOS E BOVINOS.

"Comete-se mais erros por não olhar que por

não saber."."

O sistema urinário pode ser acometido por uma grande variedade de afecções. Para avaliar o sistema urinário, assim como ocorre com outras partes do organismo, diversas informações sobre as características do animal tem grande relevância na definição do tipo de abordagem semiológica, e na interpretação dos resultados dos exames para fins de diagnósticos e prognósticos. A resenha, deve incluir, necessariamente, a identificação, os itens como, espécie, raça, sexo, idade e procedência.

Considerando a idade do paciente, o clínico pode conduzir os exames de forma mais eficiente. Portanto, a anamnese deve envolver todos os itens de caráter geral que compreendem a queixa atual (tipo, frequência e duração do problema) e informações sobre apetite, vômito, tipo de alimento consumido, fezes, defecação, comportamento, tratamentos em andamento ou efetuado nos últimos dias. possíveis cirurgias, acidentes, esforços, recentes e outros que possam ser particularmente importantes para o animal em questão.

O primeiro aspecto a ser considerado na anamnese é o conhecimento de que muitas das doenças que acometem os órgãos urinários, resultam em comprometimento sistêmico. Por outro lado, outras afecções localizadas podem causar doença renal secundária, podendo levar o animal a óbito. Também devem ser feitas perguntas sobre aspectos que, direta ou indiretamente, revelem o estado e a função dos órgãos urinários, explorando mais detalhadamente, como volume de urina, a frequência, ingestão de água, etc.

No momento da execução do exame físico geral do paciente, os órgãos urinários devem ser considerados, contudo em função das particularidades anatômicas de cada espécie animal, tanto no que se refere à conformação geral como às peculiaridades dos órgãos urinários.

Os acessos semiológicos, cada caso é um caso. Muitos problemas podem se manifestarem nos primeiros meses de vida, enquanto outros aparecem na vida adulta.

Para se examinar os rins, deve ser feito exame físico de ambos os órgãos, sempre que possível, e também do seu produto mais acessível á urina. Os exames complementares dos rins incluem tanto avaliações feitas por inspeção e palpação, como exames laboratoriais e provas de função renal.

As técnicas semiológicas, pode ser subdividida e utilizada, por parte do examinador, por todos os recursos disponíveis para se examinar o paciente, desde a simples observação do animal até a realização de exames modernos e complexos. Os principais métodos de exploração física são: Inspeção, Palpação, Percussão, Auscultação e Olfação.Um exemplo bem interessante, é a urolitíase em bovinos com dieta em alto grão.

No Brasil o cálculo mais comum é o estruvita, sendo formados vários cálculos, geralmente em animais de pista, porque recebem grande quantidade de grãos em relação ao volumoso. Grãos são ricos em fósforo (P) e magnésio (Mg) e pobres em cálcio (Ca). Além disso, há uma relação entre (P) e (Ca). Ruminantes excretam o fósforo pelas fezes, mas quando a ingestão desse elemento é elevada, podem excretá-lo pela urina. Como sua urina tem PH básico, favorece a precipitação do fósforo na forma de cristais de fosfato (cálculos). 

Se o animal ingere muito grão, ele vai ingerir muito fósforo e esse vai sendo absorvido pelo organismo. Entretanto, se não há volumoso na dieta, não há estímulo para produção de saliva, pois os grãos não necessitam de tanta mastigação quanto as fibras das plantas. Sendo assim, o fósforo fica em excesso na circulação e acaba sendo enviado aos rins para excreção.

O sistema urinário é constituído pelos órgãos, responsáveis por produzir a urina e armazená-la temporariamente até a oportunidade de ser eliminada para o exterior. A principal função dos rins é regular a composição hidro-eletrolítica dos líquidos corporais, e remover produtos finais do metabolismo do sangue. Na urina encontramos ácido úrico, ureia, sódio, potássio, bicarbonato, restos hormonais, etc.. .   

 Os rins geralmente são encontrados comprimidos contra a parte superior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral (exceto nos ruminantes, em que o rim esquerdo é empurrado na metade direita do abdome pelo imenso desenvolvimento do rúmen), e predominantemente na região lombar, apesar de se estenderem com frequência sob as últimas costelas. Suas posições mudam com os movimentos do diafragma e eles deslocam-se a cada movimento respiratório. Raramente são simétricos; nos animais domésticos, exceto nos suínos, onde o rim direito fica cerca da metade do tamanho do seu comprimento adiante de seu par. A extremidade cranial do rim direito ajusta-se comumente a uma depressão do fígado, que auxilia sua fixação. O esquerdo, na falta desta acomodação, é mais móvel e mais propenso a pender no abdome. Em geral, os rins comprimidos contra o teto do abdome são basicamente retro peritoneais, enquanto aqueles suspensos em um nível mais baixo apresentam uma cobertura peritoneal mais extensa.

Todos os rins dos mamíferos passam por uma fase multipiramidal em seu desenvolvimento, embora, na maioria das espécies a quantidade de lobos seja drasticamente reduzida mais tarde. Em algumas espécies, inclusive nos equinos e bovinos, todas as pirâmides acabam por fundir-se, constituindo uma única massa medular, que confina o córtex à periferia, onde forma uma cobertura externa contínua. Mesmo este tipo unipiramidal ou unilobular de rim, guarda certo indício de sua ontogenia. Os urólitos não são comumente encontrados na espécie equina, apesar de possuírem a urina rica em cristais, a prevalência entre os ruminantes é maior. Quando encontrados precipitados em forma de pedra nas vias urinárias, essa condição recebe o nome de urolitíase. A pedra é chamada de urólito ou cálculo urinário.

O urólito, então, é a concreção de substâncias minerais encontradas na urina e que se formam em um longo período de tempo pelo acúmulo gradual de precipitados ao redor de um núcleo, podendo ser encontrados em qualquer parte do sistema urinário, porém, segundo Thomassian (2005) a bexiga e uretra são locais de maior ocorrência, respectivamente.

Animais entre cinco e quinze anos de idade e mais velhos são os mais acometidos, sendo a grande maioria machos castrados (RADOSTITS et al.,2002) devido anatomia da uretra ser mais comprida e com menor diâmetro, enquanto a fêmea possui uretra curta e distensível. Não havendo também, predisposição quanto à raça.

A grande maioria dos urólitos em eqüinos são compostos por carbonato de cálcio, relacionando-se com as características da urina que apresentam altos níveis de sais, incluindo o carbonato e pH, tendendo à alcalinidade. Os fatores que contribuem para a formação dos cálculos em cavalos não são bem compreendidos, porém, o núcleo que favorece a deposição de cristais ao redor dele mesmo, pode ser formado por grupos de células epiteliais descamadas ou tecido necrótico que se formam como resultados de infecção local do trato urinário.

 Para suprir a pelve pequena, o rim do equino possui os recessos terminais que coletam a urina dos polos dos rins. O ureter são tubos musculares que transportam e armazenam a urina da dos rins para a bexiga, por sua vez, a bexiga é uma bolsa que funciona como reservatório de urina. Nos machos situa-se diretamente anterior ao reto, nas fêmeas está à frente da vagina e abaixo do útero.

A uretra é um tubo que conduz a urina da bexiga para o meio externo. Porém ela deve ser cristalina e translúcida.

 A micção compreende o processo fisiológico de armazenagem e eliminação da urina. A vesícula urinária e a uretra, em ação conjunta, propiciam o acúmulo da urina que vai sendo formada por meio de relaxamento da bexiga e contração do "esfíncter" uretral que previne o fluxo de urina para o meio externo. Na etapa seguinte, quando a bexiga está suficientemente cheia, a contração vesical e a facilitação do fluxo de urina dada pelo relaxamento uretral propiciam o esvaziamento da bexiga (fase de eliminação de urina).

Diversos fatores podem contribuir para problemas urinários, dentre estes o desequilíbrio nutricional e a dureza da água consumida pelos bovinos e equinos. Porém a anatomia da uretra em formato de (S) nos ruminantes contribui muito para as obstruções uretrais por cálculos. Nas fêmeas não ocorre urulitíase obstrutiva porque a uretra é curta e calibrosa, e o rápido fluxo da urina, por ocasião da micção garantem a eliminação da maioria dos cálculos. A urolitíase, é também chamada de síndrome porque há combinação de fatores fisiológicos, nutricionais e de manejo envolvidos para que seja desencadeada. 

Os cálculos formam-se na bexiga, e no momento da micção podem se deslocar para a uretra impedindo a passagem da urina. É mais comum ocorrer obstrução na flexura sigmoide em bovino.

Tabela 9.13 - Frequência normal de micções em 24 horas para adultos.

Equinos e bovinos 5 a 7 vezes.               

A característica obstrutiva do processo, define inclusive todo quadro sintomatológico, que pode ser dividido em três fases básicas.

·        A primeira: é aquela em que há apenas a obstrução da uretra. O animal mostra sinais dor, fica agitado, agita a cauda, tenta a micção e não consegue. Assume então, um posicionamento típico, com os membros posteriores distendidos e frequentes contrações abdominais.

·        A segunda: há a ruptura da uretra, os sintomas anteriores permanecem, mas a região ventral do abdome ao longo do trajeto peniano, apresenta-se edemaciado e com infiltração de urina ,em certos casos, esse infiltrado atinge o saco escrotal.

·        Terceira fase: na terceira fase, há a ruptura da bexiga. Essa fase chama a atenção pelo fato do animal mostrar inicialmente sinais de melhora, pois há um alívio da pressão urinária que diminui a dor. Todavia, passadas poucas horas o animal vem a óbito.

Comete-se mais erros por não olhar que por não saber.... pela observação cuidadosa dos enfermos, muitas doenças se tornaram conhecidas por seus sintomas e sua evolução. Não existem sintomas na medicina veterinária, tendo em vista que os animais não expressam verbalmente o que sentem, todas as manifestações são objetivadas pelo paciente e obtidas pelos métodos de avaliação clínica.

Os sinais clínicos de doença renal ou ureteral obstrutiva são muitas vezes inespecíficos e sutis, e os cavalos são geralmente assintomáticos até que a doença renal esteja mais avançada, podendo apenas ser encontrados como achado de necrópsia. Sinais como perda de peso, anorexia, letargia e cólicas são mais comumente encontrados em afecções obstrutivas do trato urináio superior (AUER;STICK,1999). Casos relacionados com o trato urinário inferior apresentam sinais relacionados com micção alterada, por exemplo, estrangúria (Dor ao urinar), polaquiúria (Passagem de pequenas quantidades de urina), hematúria (Presença de sangue na urina), disúria (Micção difícil e dolorosa), incontinência, resultando em queimaduras por urina do períneo em fêmeas ou da face medial dos membros posteriores em machos, micção dolorosa com hematúria associada a cistite, e infecção bacteriana pode ser comum.

Os cálculos uretrais, com maior ocorrência em macho, costumam acarretar problemas quando passam na região de estreitamento da uretra, sobre o arco isquiático. Pode haver suspeita de obstrução uretral quando o cavalo apresenta sinais de cólica e postura de micção com frequência, podendo ter presença de sangue na extremidade da uretra. Deve ser realizado palpação do pênis para detectar a massa firme e palpação retal, que apresentara bexiga firme e inchada devido sua repleção. O diagnóstico também pode ser confirmado através da passagem de um cateter urinário ou exame endoscópico da uretra.

Em relação aos cálculos vesicais, que, como descrito, é o de maior ocorrência, costumam ser cálculos em forma de esfera achatada, com superfície espiculada ou lisa, resultando em sinais típicos de afecções do trato urinário inferior, podendo ter hematúria mais evidente após os exercícios, e as fêmeas podem posicionar-se para urinar repetidas vezes e hesitar indicando dor, sinais que podem ser confundidos com atividades de estro.

Cálculos: precipitados de sais de ácidos orgânicos, inorgânicos ou outros elementos em associação a uma matriz proteica - Local:

O diagnóstico é realizado através da observação do cavalo durante a micção, palpação da bexiga pelo reto, caso a bexiga esteja muito distendida é recomendado esvaziá-la passando um cateter para facilitar a palpação do cálculo. Hemogramas e perfil bioquímico sérico devem ser feitos para verificar a presença de anemia, inflamação ou azotemia. Citoscopia pode ser realizada para avaliar gravidade da lesão em mucosa vesical ou lesões nas aberturas ureterais. A prevenção de recidivas, após tratamento, incluem alterações na dieta com o intuito de reduzir excreção de cálcio e promover diurese. O ideal é a troca por alimentos com menor teor de cálcio dietético, por exemplo, feno de gramínea que, afinal, diminuiria a excreção do cálcio na urina. (REED,2000).

Determinadas doenças produzem modificações anatômicas que podem ser encontradas no exame macroscópico dos órgãos, até mesmo pela palpação e observação. "Oque os olhos não podem ver as mãos podem sentir".

 A palpação retal é uma das técnicas semiológicas mais utilizadas para sistema urinário em animais de grande porte.

Alguns órgãos do aparelho urinário examinados na palpação:                       

·        BEXIGA MORMAL (VAZIA) NÃO É PALPÁVEL

·        URETER, É DE DIFÍCIL EXAME

·        URETRA INTRA-PÉLVICA, PALPÁVEL NOS MACHOS

·        NORMALMENTE SÓ RIM ESQUERDO É PALPÁVEL

Os exames complementares, quando realizados posteriormente ao exame físico do animal, aumentam acentuadamente as possibilidades de se identificar com precisão e rapidez, as modificações orgânicas provocadas por diferentes enfermidades. Exames laboratoriais, como bioquímica sérica, urinária e fracional de eritrócitos, podem ser solicitados. Exames especiais como, ultra-sonografia de bexiga, rins, ureteres e radiografias em potros e bezerros.

 


 

 



 

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