Sensatez é a palavra de ordem.

Sensatez é a palavra de ordem.

Diferentemente de epidemias do passado, a da COVID-19 é tão preocupante graças a duas características contemporâneas da sociedade e uma da doença: ultra conectividade global, ocasionado pela facilidade de deslocamento de pessoas; ultra conectividade da sociedade, enquanto disseminadora de informações; atual ausência de métodos de tratamento específicos da doença ou vacinas imunizantes. Nenhuma das características sociais é negativa. São realidades de nossos tempos com as quais devemos conviver, sob pena de cairmos no péssimo hábito (pós-moderno) de construção de uma verdade relevante, tão somente, a nós mesmos. Se não nos atentarmos a isto, negamos o fator "consensual" que a verdade possui e que nos permitiu, enquanto humanidade, concordar sobre determinadas coisas, gostemos ou não. Não darei exemplos disso, sob pena de ser anti-científico, plano e raso meu argumento.

E por que a sensatez é palavra de ordem? Ora, sensatez diz respeito, exatamente, a concordar que há momentos de espaço de fala e outros de silêncio. É o "consenso" básico, atrelado ao senso comum, de que a individualidade possui limite em si mesma. Mas o que isto tem a ver com a COVID-19? É simples, mas demanda calma. Portanto, pare e respire fundo. De políticas públicas a atos individuais e cotidianos, tudo é permeado pela sensatez. Da mesma maneira que um país não deve parar repentinamente, mas sim por etapas, sob pena de ruptura completa das instituições, economia e da própria sociedade, igualmente devemos ter cuidado com a maneira que agimos, de modo a não causar pânico em nós mesmos e muito menos ao próximo. Ser sensato em tempos de crise é ter empatia com a coletividade. O pânico não está liberado, não.

"Mas como fazer isso, se amo quem está à minha volta, minha família, meus amigos?" Ame dividindo informações claras e verificadas, de fontes oficiais ou cientificamente relevantes (o fator "consensual" da verdade), e não anunciando a chegada dos quatro cavaleiros do apocalipse. "Mas estou com medo!" Todos nós estamos, você não é único, mas se quiser ajudar os demais, tente se acalmar e não gerar mais medo. "Minha empresa vai quebrar se eu e meus funcionários não formos trabalhar!" Pode ser uma verdade. Todavia, certamente os riscos econômicos e jurídicos da morte ou danos à saúde de um funcionário que contraiu COVID-19 em seu espaço de trabalho, ou a sua própria morte (inventários costumam dar problema), superam em muito algumas semanas de diminuição da produção. Teletrabalho e uso de tecnologias diversas estão aí para nos reinventarmos. "Mas tudo isto é uma conspiração chinesa/americana/do Satanas/dos Illuminati e eu acho uma frescura/uma punição divina para acabar com os impuros!" Bom. É seu direito crer no que quiser, até mesmo questionar sua própria existência, só mantenha esse pensamento para você e ajude os outros nesse momento difícil com o silêncio e um ouvido capaz.

Se quiser orar, ore. Se quiser usar álcool em gel, use. Se quiser colocar os filmes, cursos e séries em dia, coloque. Deixe os hospitais para os verdadeiramente doentes e que, de acordo com a OMS e Ministério da Saúde, apresentem sintomas de febre, tosse seca e falta de ar. Todos juntos, especialmente a falta de ar. Nada de querer rever aquela dorzinha no peito que um dia você sentiu enquanto jogava bola no churrasco de família. Hospitais são lugares de altíssima capacidade de contágio cruzado e, o que seria uma gripe, pode virar COVID-19 graças à sua falta de sensatez. Sua, de mais ninguém. Hidrate-se e fique em casa.

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