Será que Antifragilidade é a palavra-chave para 2022? (parte 2)
(Tempo aproximado de leitura: 12 min)
No método “Erlearning - tirando a temperatura de uma pauta pelo Google”, eu costumo dar uma geral nos resultados de busca indexados na página 1. A primeira página de resultados é, efetivamente, o que todo mundo vê. Há uma piada que diz que se vc quiser esconder algo pra ninguem nunca achar, esconda na segunda página do Google... rs
Piadas à parte, tropecei numa pesquisa recente sobre como pessoas pesquisam online, realizada pela Telenicks (uma agência americana de marketing digital). Dado de Junho 2020, plena pandemia, eles comprovaram que apenas 6,6% dos usuários americanos seguem para a segunda página de resultados. Outro dado interessante é que quase 60% destes rolam a página 1 inteira para ver os resultados até embaixo, não ficando somente com os primeiros resultados listados, geralmente pagos.
Então, pra efeito de assuntar o famoso estar da questão, é sempre bom dar uma geral em todos os links da primeira página da sua busca. Como explicado na parte 1 deste artigo, a minha busca é compreender se a Antifragilidade seria ou não uma ideia-chave deste ano em diante e já concluímos que sim.
Mas o que estão dizendo sobre Antifragilidade?
Dando uma olhada geral nos links listados apenas na primeira página de resultados de busca do Google, consigo facilmente agrupar os títulos em 5 categorias como mostra a ilustra a seguir:
Nessa rápida análise, pouco mais da metade dos registros (51%) foram categorizados como “Letramento” e “Soft Skills”, mostrando que o termo/conceito “Antifrágil” provavelmente ainda está em sua fase de introdução em nosso repertório (Letramento: 22%). Além disso, apesar de não ter sido a intenção direta do autor, sua big idea saiu do universo original (“Negócios e Investimentos”) e ganhou tração no campo do autodesenvolvimento, classificado, aqui, como “Soft Skills” (29%).
Consigo perceber que a ideia de Antifragilidade começa a criar vida própria, no melhor estilo “encapsulamento de novos sentidos e realidades” para nos ajudar a dar conta do contexto. Também é possível perceber esse fenômeno a partir da “mastigação criativa” presente no agrupamento que chamo de “Opinião” (18%).
Neste exato momento, muitos de nós estamos absorvendo, processando e (re)interpretando a ideia de Antifragilidade.
Uma curiosidade: o Nassim Taleb anda bravo com isso! A Tipiti Barros (coautora do Radar da Antifragilidade) , outro dia, registrou um tweet do autor em que ele manifesta grande frustração com o fato de haver muita gente falando sobre Antifragilidade de outros modos, com outros sentidos e aplicações, pra lá das equações complexas e predições estatísticas sobre risco... Mas big ideas são assim mesmo: a gente cria elas para o mundo. Veja o tweet original na próxima ilustra.
Frágil da parte dele, não? rs
Dá para notar, também, que o livro anda bem promovido e comentado. A obra ganhou uma nova edição no Brasil em 2020. Vale a pena ler para ficar por dentro das conversas mais “cabeçudas”.
Por fim, no campo específico em que a ideia se origina, apareceram conexões muito interessantes. Mas, para trazer maiores detalhes a respeito delas, seria necessário aprofundar em cada uma. Assim, por cima, os resultados que discutem o tema nas áreas de Negócios e Investimentos tiveram menor incidência (11%). Este dado, colocado em perspectiva com os anteriores, reforça a minha hipótese:
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A “Antifragilidade”, seu conceito e suas aplicações, estariam numa fase introdutória de uma potencial massificação no ambiente de negócios brasileiro, fortemente interpretada como uma competência humana associada a desenvolvimento profissional e de liderança. Há cada vez mais e mais gente refletindo e tentando por em prática essa nova ideia e o que significa. Definitivamente, vai virar buzz.
Mas, afinal, o que é a antifragilidade e por que isso é importante daqui em diante?
Em seu livro, Taleb reflete sobre o impacto destrutivo da imprevisibilidade e da aleatoriedade, e narra seu insight:
"Percebi um dia, de repente, que a fragilidade podia ser expressa como aquilo que não gosta de volatilidade, e aquilo que não gosta de volatilidade não gosta de aleatoriedade, de incerteza, de desordem, de erros, de estresse..."
Então, o que seria o oposto de frágil? Seria resistente? Resiliente? Não... Essas palavras não davam conta do que ele queria expressar. Taleb queria tratar de coisas que não apenas não se quebravam, mas que ficavam melhores e mais potentes depois de sofrer rupturas e outros fatores estressores. Então, ele propôs uma nova palavra para expressar isso. E encapsulou uma ideia complexa num termo fácil de absorver, ajudando muita gente a lidar com um contexto que se apresenta em total turbulência e disrupção. Como vimos no Google Trends, na parte 1 desse artigo, não só a gente achou que fazia muito sentido falar sobre isso agora: a pauta da Antifragilidade reaquece e se estabelece a partir de Fev 2020, na esteira da ruptura global provocada pela pandemia.
O próprio autor resume melhor que ninguém a essência de sua ideia e porque ela é extremamente útil no momento:
“A Antifragilidade está além da resiliência ou robustez. O resiliente resiste a choques e permanece o mesmo, o Antifrágil fica melhor.”
Eu estou no time dos que, para desespero do Taleb, estão processando criativamente essa big idea e a levando para uma dimensão criativa, reinterpretada e aplicada à inovação no âmbito de ESG. Sabina Deweik, Tipiti Barros e eu acabamos de lançar uma ferramenta de assessment e também de ideação chamada de “Radar da Antifragilidade”. Partimos de uma pesquisa conjunta e chegamos em uma ferramenta que ficou tão bacana que fomos selecionadas para apresentá-la no SXSW2022, em Austin, Texas. Este evento é um dos mais importantes festivais de criatividade e inovação do mundo e estar lá é um feito e tanto, que também ajuda a perceber a potência dessa ideia.
Fato é que estamos enfrentando desafios globais, sabemos que as mudanças são inevitáveis e a experiência de muitos anos no marketing tem nos ensinado que navegar nas ondas da incerteza e alcançar a antifragilidade vai requerer, mais do que nunca, maturidade. Essa é a outra palavra-chave que elegemos para 2022, que deve vir junto com a Antifragilidade, pois
Não se trata de aprender a surfar contextos extremos, mas definitivamente de evoluir a partir deles.
Pergunte no inbox sobre como podemos ajudar você e/ou a sua empresa a ser mais Antifrágil de 2022 em diante. Reflita sobre seus pontos mais frágeis e seus pontos antifrágeis em relação às 08 pautas cruciais neste momento, as 08 Dimensões do Radar da Antifragilidade. Observe seu ecossistema por essa lente criativa. Faça um assessment 360 graus pelo Radar e trace um plano de inovação e evolução do seu negócio, das pessoas e da sua marca.
A Sabina, a Tipiti e eu juntamos nossa potência criativa com a experiência vivida no ambiente de negócios e com a nossa maturidade, para colaborar na transformação criativa e responsável de empresas, marcas, projetos, e líderes.
Conte com a gente.
Erlana Castro | Sabina Deweik | Tipiti Barros