Será que estamos com expectativas realistas sobre vida e trabalho?
Na semana passada completei 30 anos. Sempre fico reflexiva quando faço aniversário, especialmente um tão simbólico como entrar na década dos 30. Não sei bem em que ponto na vida a gente começa a determinar "deadlines" na vida pra conquistas pessoais e profissionais, só sei que a maioria de nós cria essa expectativa em relação a certas idades.
Não vou entrar num papo alienado de achar que deveria estar milionária, bem resolvida ou 100% realizada nessa idade, até porque nem sei se é possível estar 100% realizado em momento algum nessa vida. E também sei, muito bem, que há carreiras e vocações que podem surgir muito depois das três décadas de vida.
Mas então por que tanta insegurança sobre os degraus alcançados até aqui? Sei que muitos vão se identificar com esse questionamento, que na realidade tem pouco a ver com idade. Dá pra você ter essa insegurança com 20, 30, 40, 70 anos. Tem muito a ver com expectativas.
Tenho a impressão que trabalhar com internet fomenta uma cultura de comparação um tanto quanto cruel. Claro que todas as pessoas, de todas as profissões, são vítimas de comparação. Mas por vezes me senti um pouco antiga ou inadequada em trabalhos ou situações em que tive que lidar com pessoas muito mais jovens do que eu. E eu tenho só 30 anos! Racionalmente, sei que não estou velha pra nada nessa vida. Mas não é que parece ter milhares de "Bettinas" ricas e realizadas na flor dos seus 20 e poucos anos?
Acho que a palavra-chave aí é essa: "parece". Só porque parece que todo mundo ao nosso redor é mais jovem e realizado, não significa que seja de fato. Até porque parecer bem-sucedido, hoje em dia, paga boleto. Garante os #publis, as vendas de curso, os "conselhos de amigo" bem comissionados. Vender expectativas irreais virou negócio.
Mas esse artigo não é sobre influenciadores com "vidas perfeitas" ou vendedores de sonhos. É sobre como a gente recebe essas informações, se compara com padrões que não existem e cria expectativas sobre nossa vida que invariavelmente levam a frustrações.
Estou aqui pra falar que tá tudo bem se você não realizou tudo que esperava aos 30, ou 40, ou que idade for. Até porque não é uma corrida, e a gente não sabe o que se passa de fato na vida do outro. Tudo bem repensar metas, ser mais gentil com suas limitações e, importante, se valorizar pelo que já conquistou.
Tem uma frase muito boa que li esses dias na internet: "Você se lembra quando sonhava em ter o que você tem hoje?". Eu acho que é um exercício que a gente faz menos do que deveria: ser grato pelo que tem e valorizar tudo que já conquistou, que eu tenho certeza que não é pouco. Escrevo esse texto pra vocês, mas pra mim também, pra lembrar que minha jornada até aqui não foi perfeita, mas foi a melhor que eu pude fazer.
Cheguei aos 30 com um trabalho que eu gosto, que não me enriquece (ainda!) mas que paga minhas contas. Estou noiva de um homem que eu amo e tenho uma cachorrinha que alegra todos os meus dias. Tenho muito mais a agradecer do que a desejar.
E você, o que conquistou nos últimos anos que esqueceu de apreciar enquanto pensava no que ainda te falta?
Publicado originalmente no Delícia de Blog
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Advogado
5 aSenti essa insegurança aos 18 anos, quando vi muitos ao meu redor iniciar uma faculdade e eu não, por questões meramente financeiras. Senti aos 20 anos, quando iniciei a faculdade de Direito e sofria por antecipação pelo que porventura poderia estar por vir. Fiquei inseguro também aos 25 anos, quando conclui a graduação e iniciei na minha profissão. E, hoje, aos 29, na iminência de "virar a década", também sinto essa insegurança quando olho para o lado (redes sociais) e percebo que muitos aparentemente estão em degraus acima do meu, mas é só insegurança mesmo, nada de inveja ou menosprezo de mim mesmo, até porquê cheguei bem mais longe do que imaginava. Embora ainda falte muito para conquistar, quando olho para trás, sinto orgulho de tudo que fiz e de onde cheguei. Gostei muito do seu texto. Parabéns! Se encaixa perfeitamente na história de muitos dos seus leitores.
Analista de Dados - Comercial @ Águas de Niterói | FP&A | Power BI | Python | SQL
5 aDebora Modesto, quando possível leia esse texto. Gostei muito!
Tigre Tubos e conexões
5 aMuito top seu artigo, ótima reflexão mesmo.
Especialista de Comunicação | Digital Marketing | Social Media | Branding | Influência
5 aPosso curtir 1000 vezes esse artigo?! Em setembro, também chego a terceira década e as reflexões já começaram. Vejo que estamos nos sentindo cada vez mais frustrados, afinal, fazemos parte de uma geração vitrine, rodeada de pessoas bonitas, felizes e bem-sucedidas nas fotos das redes sociais. Mas em vez de ficar me comparando com os demais, estou me permitindo olhar para minha história e me sentir grata por tudo o que tenho e conquistei até aqui.
Seu artigo é um detox mental! Parabéns!