Ser campeão ou jogar bonito e perder?
Voltamos à velha discussão sobre o ovo ou a galinha. Ou sobre o sexo dos anjos.
O Flamengo jogou "de igual para igual" com o Liverpool. E "ditou o ritmo de jogo".
Isso ecoou em todos os textos dos jornalistas esportivos e no sentimento dos torcedores flamenguistas, após a vitória dos ingleses pelo placar mínimo na final do Mundial da Fifa, realizada ontem no Catar.
Muitos fizeram comparações toscas sobre o fato de São Paulo (2005), Inter (2006) e Corinthians (2012) terem "se fechado" ou "jogado como times pequenos" contra o mesmo Liverpool, Barcelona e Chelsea, respectivamente.
Primeiro que os três campeões estiveram longe de jogar como pequenos e a tática nos ensina que às vezes é preciso recuar para atacar. Aliás, mais informações pode ser obtidas no livro mega-blockbuster "A Arte da Guerra" de Sun Tzu, escrito há milhares de anos.
Aprendi que futebol bonito é legal, empolga, pode até ser eficiente, mas está longe de ser eficaz. Que o diga o Brasil de 1982, a Hungria de 1954 e, principalmente a Holanda de 1974, só para ficarmos em campeonatos mundiais. O futebol - essa "caixinha de surpresa" - já pegou várias peças e, por isso mesmo, que é apaixonante.
Sou pragmático e vivo falando que se o meu time ganhar todos os jogos por 1 a 0 será campeão de qualquer torneio.
"Ain, Sylvio... isso não é futebol. É uma coisa feia. Eu não pago para ver isso." Sim. Pode até ser. Mas é eficaz.
Aposto quanto quiserem que o torcedor do Flamengo, ainda que parabenize a equipe, que sem dúvida fez por merecer, adoraria ter ganho por 1 a 0 num gol do Gabiru, numa defesa do Rogério Ceni ou numa cabeçada de Guerrero.
A história é escrita pelos vencedores. Sei que é cruel. Mas isso é inexorável. Tudo o mais é hipocrisia.
Sylvio Micelli
22-XII-2019