Ser Pai na era da Tecnologia
Ser pai é uma experiência transformadora que traz desafios e oportunidades únicas. Eu, como pai, vivi de perto as complexidades de conciliar a carreira em TI com as responsabilidades familiares. A jornada de ser um profissional dedicado e, ao mesmo tempo, um pai presente requer um equilíbrio constante entre a vida pessoal e profissional.
Neste artigo, quero compartilhar como a paternidade não apenas impactou minha rotina, mas também me ensinou lições valiosas sobre gestão de tempo, empatia e resiliência — habilidades que são fundamentais tanto em casa quanto no trabalho.
Impacto na Carreira
Trabalhar na área de TI exige um aprendizado contínuo, o que por si só já é desafiador. Estar atualizado com novas tecnologias, frameworks e metodologias faz parte da rotina. Quando se adiciona a responsabilidade de ser pai, esse desafio se intensifica. Conciliar o tempo de estudo e dedicação à carreira com as demandas familiares exige um equilíbrio constante.
No meu caso, a paternidade me ensinou a priorizar melhor o tempo e a desenvolver uma visão mais equilibrada sobre o trabalho. Essas habilidades, adquiridas no contexto familiar, se refletem positivamente na gestão e liderança de equipes. Além disso, ser pai me fez valorizar ainda mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, incentivando a busca por um ambiente de trabalho mais saudável e flexível.
Por outro lado, há desafios. A rotina de um pai pode exigir ausências imprevistas ou a necessidade de adaptar horários, o que pode ser visto como uma dificuldade em ambientes menos flexíveis. No entanto, acredito que essas experiências também enriquecem nosso repertório profissional, trazendo mais empatia e compreensão para o contexto das equipes que lideramos e para as necessidades individuais de cada membro.
Gestão do Tempo
Para líderes, a gestão eficaz do tempo começa com um comprometimento sério com a agenda. Ter um planejamento bem estruturado e respeitar os horários estabelecidos é fundamental para equilibrar responsabilidades familiares e profissionais. Algumas práticas incluem:
Esse comprometimento com a agenda melhora a eficiência e facilita o cumprimento dos itens citados anteriormente, como definir prioridades e estabelecer limites claros entre trabalho e família.
Desenvolvimento de Habilidades
A paternidade desenvolve habilidades valiosas que podem ser aplicadas na carreira, especialmente na gestão de equipes. Empatia, paciência e a capacidade de resolver conflitos são algumas das competências que se tornam mais apuradas. Aprender a lidar com diferentes personalidades e manter a calma em momentos de pressão beneficiam tanto a vida familiar quanto o ambiente profissional.
Além disso, ter filhos desperta uma vontade interna de evoluir na carreira, motivada pelo desejo de proporcionar uma vida melhor para eles. Esse propósito transforma a visão de futuro e abre novas oportunidades, impulsionando o crescimento pessoal e profissional. Quando o objetivo é claro, como garantir o bem-estar dos filhos, essa busca acaba ampliando as perspectivas e aumentando o comprometimento com o sucesso.
Licença Paternidade
No Brasil, a licença-paternidade é de apenas 5 dias corridos, com a possibilidade de extensão para 20 dias para empresas que participam do programa Empresa Cidadã. Esse período, comparado a outros países, é muito curto e insuficiente para garantir uma participação mais ativa dos pais nos cuidados iniciais com os filhos.
Em países europeus como Suécia e Islândia, os pais têm direito a até 12 meses de licença remunerada parcialmente, promovendo um equilíbrio maior nas responsabilidades entre pai e mãe. No Japão, a licença pode durar até 14 meses, com uma remuneração que varia de 50% a 67% do salário. Na Finlândia, cada responsável tem direito a 160 dias de licença até o bebê completar dois anos.
Visão do Empregador: Para as empresas, especialmente em países com licenças mais longas, há um impacto administrativo na ausência prolongada dos funcionários. No entanto, a experiência em países com licenças estendidas mostra que o retorno em termos de satisfação e produtividade dos colaboradores é positivo. Estudos indicam que políticas mais generosas de licença-paternidade promovem um ambiente de trabalho mais inclusivo e equilibrado, o que, a longo prazo, beneficia tanto a empresa quanto a sociedade.
No Brasil, a extensão da licença-paternidade ainda enfrenta desafios culturais e econômicos. A percepção de que a licença mais longa seria um custo elevado para o empregador é comum, embora pesquisas indiquem que o impacto financeiro real seja relativamente pequeno. Empresas que adotam políticas mais inclusivas tendem a ver resultados positivos em engajamento e retenção de talentos.
Falta de Tempo Adequado: A ausência de uma licença-paternidade mais longa pode criar dificuldades na conciliação entre a demanda intensa de trabalho e a necessidade de estar presente nos primeiros dias de vida do bebê. Com apenas 5 dias de licença, muitos pais não conseguem participar ativamente dos cuidados iniciais, o que pode afetar o vínculo familiar e até mesmo a saúde mental. A falta de um apoio institucional adequado dificulta a criação de uma cultura mais igualitária e pode gerar pressões adicionais para os profissionais.
Essa é uma discussão que vai além dos direitos trabalhistas; trata-se de apoiar a formação de famílias mais presentes e equilibradas. A experiência de países com políticas mais amplas serve como inspiração para um futuro onde a paternidade ativa seja mais valorizada.
Conclusão
A discussão sobre a licença-paternidade é essencial e precisa considerar tanto a perspectiva dos empregados quanto dos empregadores. Para os pais, um tempo maior de licença significa a oportunidade de participar mais ativamente dos primeiros momentos de vida do filho, fortalecendo o vínculo familiar e contribuindo para o bem-estar da criança e da família como um todo. Já para os empregadores, políticas mais inclusivas podem resultar em maior engajamento e retenção de talentos, além de promover um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado.
Além disso, é importante refletir sobre o impacto de longo prazo. Se não houver apoio adequado para a criação dos filhos, as famílias tendem a ter menos filhos, o que contribui para o envelhecimento da população e a redução da força de trabalho. Isso pode prejudicar o próprio empregador no futuro, à medida que a base de trabalhadores se torna mais restrita, impactando a produtividade e o crescimento econômico.
Por isso, é fundamental um diálogo aberto sobre como estender esse benefício sem prejudicar a sustentabilidade das empresas. Convido outros pais a se juntarem a essa discussão e compartilharem suas experiências e opiniões sobre como a licença-paternidade impactou suas vidas e carreiras.
Como vocês acham que poderíamos equilibrar melhor as necessidades familiares e profissionais? Vamos conversar nos comentários!
DPO + Gestor de TI + Infra e CPD
2 mMuito útil Yuri Lamonica Chuk