Ser Professor
Quando eu decidi me tornar professor, acreditava desde o principio que nada seria tão fácil. Seriam horas a fio na escola, em pé, falando, sendo interrompido, até aquele calor do momento de discussão com o aluno que não se comporta muito bem. Meu objetivo era (e ainda é) formar pessoas capazes de analisar, criticar e saber se comunicar, expressando suas ideias, suas emoções e o que eu acredito ser mais importante, suas opiniões.
Cresci num lar onde não tinha meu pai (biológico) presente, uma mãe semi-analfabeta. Me arrisco até em dizer que na minha linhagem sou o primeiro (ou o segundo) da família que conseguiu entrar numa universidade e se "profissionalizar". Grande parte dos meus professores no Ensino Médio me incentivaram a chegar onde eu estou, meus "mestres" e doutores da faculdade me fizeram imaginar o "Mundo de Bob" que era a sala de aula. Mas a realidade quando se entra a primeira vez (não como estagiário mas como professor mesmo), é uma triste realidade que enfrentamos todos os dias.
Hoje possuo alunos que gostam de "brincar" com minha disciplina, criam apelidos "carinhosos" para os professores. Mas ao mesmo tempo alunos despreparados emocionalmente, sem o apoio dos pais e até mesmo de alguns professores. Além de salas superlotadas que nós professores temos que controlar. Mas ser professor, não é só ter uma boa didática, enfrentar um exército com hormônios em ebulição. É cativar cada criança e adolescente, torna-las pessoas que podem até não lembrarem de tudo o que você disse ou ensinou, mas que se lembrarão daqueles ensinamentos para vida, que levam à compreensão do que é ser humano, e um dia perceberão que mesmo que um professor foi ensinado e dar aulas num mundo de Bob, ele foi capaz de trazer "educação" ao mundo que carece de pensadores... Afinal em qualquer lugar do mundo, professor é professor e aluno é aluno.