Seria a Gestão de Pessoas o maior obstáculo à inovação?

Em um mundo em constante mudança, buscar incansavelmente a inovação é essencial para manter a competitividade no mercado. Não é à toa que as empresas investem fortemente em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, e até em parcerias com startups, sempre com o objetivo de serem inovadoras, disruptivas e de saírem na frente de seus concorrentes.

No entanto, apesar desses esforços, a inovação, muitas vezes, não acontece da maneira esperada. E a pergunta que surge é: por quê? Onde está o gargalo que nos impede de sermos mais inovadores?

Eu acredito que a resposta, por mais que possa surpreender, está relacionada a um fator crucial dentro das organizações — a gestão de pessoas.

Como gestora e empreendedora, venho refletindo bastante sobre isso, e gostaria de compartilhar minha visão sobre como a forma com que lideramos nossos times pode ser o maior entrave à inovação.

Apesar da crescente automação e da digitalização de processos, a inovação ainda depende de algo profundamente humano: a criatividade. E esta só floresce em ambientes que promovem liberdade de expressão, segurança psicológica e valorizam a diversidade de pensamentos.

Infelizmente, muitas empresas, mesmo as mais avançadas tecnologicamente, falham em criar esse tipo de ambiente. E por que isso acontece? Porque a gestão de pessoas, em muitos casos, ainda segue modelos tradicionais e rígidos.

Gestores que focam excessivamente no controle e na previsibilidade, não raro,  inibem a autonomia e a iniciativa de suas equipes.

Outro ponto que considero crítico é a cultura do medo que ainda está presente em muitas organizações. Quando colaboradores têm medo de errar, a inovação fica estagnada. Para que a inovação aconteça, é preciso que as pessoas se sintam confortáveis em experimentar e, sim, em errar. Avanços significativos surgem de muitos erros e tentativas falhas.

Uma liderança que não incentiva o pensamento “fora da caixa”, ou que desconsidera ideias "não convencionais", acaba promovendo um ciclo de inércia. E no mundo de hoje, ficar parado é retroceder.

Observo muitas empresas gastando milhões em tecnologia, equipamentos e pesquisa e investindo muito pouco em suas equipes! Aí, é claro, o resultado não virá!

O Papel do líder inovador

Aqui entra o papel fundamental do líder. Ele precisa ser não apenas um facilitador da inovação, mas também um modelo a ser seguido. Líderes inovadores são aqueles que:

• Dão autonomia para as equipes: Um time que sente que tem liberdade para criar é mais propenso a gerar soluções inovadoras.
• Fomentam a diversidade de pensamentos: A inovação surge quando diferentes perspectivas se encontram.
• Promovem o aprendizado contínuo: A evolução das competências dos colaboradores é essencial para manter a inovação em alta.
• Criam ambientes de segurança psicológica: Colaboradores que se sentem seguros para arriscar sem medo de represálias são mais inovadores.

E mais do que trazer certezas, quero trazer neste artigo uma importante questão: será que nós, enquanto líderes, estamos realmente preparados para apoiarmos a inovação? Ou estamos perpetuando estruturas que inibem o novo?

Antes de investirmos em tecnologia, equipamentos, acredito que temos a lição de repensar a gestão de pessoas, e esse repensar começa pela coragem de questionar nossas próprias práticas e modelos de liderança.

Afinal, a inovação é 100% humana, e as tecnologias disponíveis podem ser excelentes ferramentas para ajudar nesse processo, mas sem a chama da criatividade humana, nada de novo acontecerá!

Busque seu propósito. Deixe o seu legado.

Rê Spallicci