Seria um período sabático?
Para Deleuze, uma aula é uma espécie de matéria em movimento, é emoção. Para Barthes, em seu texto canônico “Aula”, há o momento da experiência da sapientia, onde não há nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria e o máximo de sabor possível. Pra mim, toda sala de aula sempre foi um templo onde trocamos afetos e conhecimentos diversos. Por isso entro em qualquer aula de peito aberto e com Yoga não tem sido diferente.
Em março de 2020, pouco antes de começar a quarentena, há mais de 7 anos sem férias reais e passando por diversos cargos de gestão na área educacional, senti a necessidade de fazer algo por puro prazer. Iniciei uma formação em Advanced Vinyasa Yoga. Me tornaria professora de yoga ? Não, não tinha essa pretensão. Meu plano era só aprofundar meus conhecimentos em algo que me dava prazer sem o peso do lattes.
Veio a pandemia, minha saúde inspirou muitos cuidados, mas o projeto da formação em yoga se manteve lá firme, um oásis em meio ao caos que nossas vidas se tornaram.
Iyengar diz que "yoga não muda apenas a forma como vemos as coisas, transforma a pessoa que vê”.
Em meio a muitas dúvidas sobre home office, EAD, volta de licença médica, ensino híbrido, fui desligada da empresa em que atuava... mas a yoga continuava lá. Decidi aproveitar o período para um ano sabático, depois de 7 anos, ter concluído um doutorado em 3 anos e com 36h semanais em sala de aula, meu corpo precisava.
Segui minha formação até, literalmente, o último dia sem saber ao certo se iria ser uma “Yoga Teacher”. Poucos dias depois, recebi a proposta para ter uma turma no studio em que estava acostumada a praticar. Hoje estou com 2 turmas no limite máximo de alunas, dentro do protocolos, e partindo para minha segunda formação.
Nem nos melhores sonhos há um ano atrás poderia imaginar metade das reviravoltas que meu mundinho daria. Muito menos que estaria com a mente quieta, espinha ereta, o coração tranquilo diante das possibilidades, impermanência da vida e de pé na frente de uma sala de aula tão especial.
Ouvi dizer que na Yoga viramos de cabeça pra baixo pra aprender que quando a vida fizer isso, tirarmos de letra. Será?
O que sei é que esse ano tem me ensinado a viver o presente de peito aberto, um passo de cada vez. E a sensação tem sido ótima!
Namastê!