Seu português também “varêia”?
Trabalhei por muitos anos como professor de História e historiador (sim, são coisas diferentes). Por isso sempre procurei escrever da forma mais correta e clara possível.
Não estou livre de cometer erros de português e sei que eles trazem aprendizados. Isso me ajuda a melhorar a comunicação, tanto falada quanto escrita. Sendo assim, sou muito receptivo às críticas construtivas.
Sempre me incomodei com o descaso do nosso povo em relação à Língua Portuguesa. E o problema piorou depois da criação dos dispositivos que “adivinham” o que vamos escrever e sugerem palavras - nem sempre adequadas. Daí, a gente aceita e nem revisa. Só envia.
Atire a primeira pedra quem nunca enviou frases com palavras fora de contexto ou verbos “tortos” sugeridos pelos corretores ortográficos dos smartphones, por exemplo.
Então, migrei para o UX Design e me impressionei com outro problema: as pessoas falam um dialeto que mistura português com estrangeirismos desnecessários, geralmente, em inglês.
Entendo que o inglês é uma língua “universal” ou que nem sempre dá para encontrar uma boa palavra ou expressão análoga em português. Mas, até que ponto é falta de opção ou falta de vontade? Considerando a riqueza do nosso idioma, acho que é só elitismo mesmo.
As pessoas fazem um call ou marcam um meeting para discutir os resultados do último survey. Afinal, os developers estão em stand by e isso incomoda os employers e seus partners - que são os donos do cash.
E até eu, para tentar descolar uns jobs ou freelances, precisei aderir a esse “Samba do Approach”, como diria o genial Zeca Baleiro. Coloquei no meu perfil que sou UX Researcher/Writer. Sei lá se Pesquisador de Usabilidade ou Redator de Usabilidade passam credibilidade…
Enquanto isso, a entrevistadora me pergunta pelas minhas hard skills & soft skills para verificar o meu know how. E ainda corro o risco de ser esnobado por não ser fluente em inglês. “Seje menas”, querida! Tá difícil ser fluente até em português.
Fiscal de Controle Urbanístico e Ambiental – Prefeitura de Belo Horizonte
3 aGostei muito do seu texto, nos faz refletir até que ponto a integração de termos estrangeiros ao nosso idioma é benéfica. Eu não sou totalmente contra o uso de termos em inglês no dia-a-dia, desde que seja com o objetivo correto. Como professor de inglês, eu sei que muitos aprendizes de um segundo idioma usam dessa estratégia como aprendizado e eu super apoio. É válido para o processo de aprendizado. Mas ao mesmo tempo, como vc deixou claro, devemos repensar essa prática quando ela atrapalha no aprendizado e uso correto do português e também quando ela contribui para a desvalorização do nosso idioma. Além disso, pensando a longo prazo, qual o efeito dessa prática nas gerações futuras? Vale a reflexão.
UX Designer - PUC Minas Virtual
3 aConcordo contigo e cito o grande Suassuna: "Se google é escrito dessa forma, então eu falo 'gugle', porque eu leio as coisas como estão escritas."
Product Designer & UX/Generative A.I. | PSU I
3 aSe alguém souber quem é o autor da charge, por favor, me fale. Quero dar os devidos créditos.