Seu time está preparado para ser ágil?
Muito se fala sobre metodologias ágeis nas grandes empresas, especialmente sobre Scrum. Em parte porque é uma tendência e em parte porque traz grandes resultados. Mas a pergunta que dá título ao post é uma reflexão importante e não pode passar batida.
Vamos falar de Scrum?
Como já é sabido, o Scrum da metodologia ágil nasceu com base no Scrum do Rugby, que é quando os dois times se aglomeram com um objetivo em comum: conseguir a posse de bola. E porque dá certo? Porque todos os integrantes dos dois times estão com o mesmo objetivo, e é um objetivo bem definido. E assim como no Rugby, o Scrum dá muito certo exatamente porque funciona da mesma forma.
Pode existir uma expectativa (errada) sobre como o time vai simplesmente trabalhar mais rápido e ponto. Mas não é só isso. O Scrum dá muito certo quando, além do engajamento e da busca pelo mesmo objetivo, o time tem o mindset de melhoria contínua, quer alcançar a excelência e se conhece muito bem.
Ser ágil não é "só" fazer mais rápido, trabalhar mais para entregar antes a qualquer custo, sobre indivíduos ou sobre “só” trabalhar nos sprints sem pensar em melhoria; é também querer alcançar um nível de excelência, ser transparente e acima de tudo é sobre: time, união, e compartilhamento de conhecimento.
The Loose Deuce
Um ótimo exemplo é o trecho do livro "Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo, no qual o Jeff Sutherland fala sobre quando serviu o exército, em West Point. Ele fez parte de um regimento (a Loose Deuce) que era sempre o último colocado na competição de formações na academia. Para tentar melhorar, ele — que era o oficial de treinamento — começou a fazer reuniões com os cadetes para mostrar o que tinha sido bom e no que eles precisavam melhorar; aos poucos os cadetes foram apontando os erros um dos outros com o objetivo de melhorar o regimento. Algum tempo depois, eles ficaram em primeiro lugar. Detalhe: a Loose Deuce foi a última colocada por mais de um século até aquele momento. O trecho (em inglês) pode ser lido aqui.
Ou seja, você pode ter o melhor Product Owner do mundo; pode ter um Scrum Master que atua em todos os impedimentos; Pode ter um ou outro Team Member que atua com mais foco mas, na minha opinião, se o time: não estiver engajado, não tiver interesse de alcançar a excelência e/ou não quiser ser referência, você vai ter uma equipe que entrega, mas sem a preocupação de estar sempre melhorando, e isso vai contra a filosofia por trás do Scrum. Se o time não consegue acelerar o trabalho, alguma coisa pode estar errada.
E como descubro o que pode estar impactando o trabalho ou o engajamento do time?
A resposta dessa pergunta passa por outra reflexão: "O que equivale, no seu time, à posse de bola do Rugby? Qual é o objetivo dele?" Sem essa resposta, pode ser que você tenha team members muito bons, mas que não estão totalmente engajados justamente por não saber onde o time deve chegar. Com isso, também fica difícil saber como acelerar o trabalho, afinal, se eu não sei qual meu objetivo final, não sei se estou indo numa velocidade boa.
E como resolvo isso?
Que tal ser o agente de transformação na sua equipe, independente da sua posição? Tenha em mente que não dá para querer colher os benefícios de ser ágil sem fazer a lição de casa:
- Deixe claro o objetivo; O time precisa saber o que é a sua "Posse de bola". Com isso, fica mais fácil incentivar o time a tomar as decisões e ser auto gerenciável;
- Incentive a retrospectiva e tenha sempre o mindset de melhoria contínua. Não é porque uma coisa funciona que ela não precisa ou pode ser melhorada;
- Tenha sempre uma gestão à vista atualizada e mostre para o time os benefícios dela. Se, por exemplo, o Kanban estiver desatualizado, fica mais difícil saber se tem algum membro do time sobrecarregado, ou se existe algum impedimento a ser removido; A gestão à vista deve deixar claro para qualquer pessoa que a veja, como está o andamento do trabalho do time;
- Incentive o feedback 360º. Os membros do time precisam saber quais são seus pontos de melhoria para que possam evoluir, e até ajudar uns aos outros nessa melhoria (isso é algo que, às vezes, nem todos estão preparados, mas traz grandes benefícios);
E aí, pronto para engajar o seu time a entregar o dobro do trabalho na metade do tempo?
Reflexões baseadas no livro "Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo", de Jeff Sutherland, um dos criadores do Scrum.
Gerente de Tráfego Pago | Gerente de Projetos
6 aAndré Luis Lopes Igrissis
Data Specialist at PagSeguro PagBank
6 aÓtimo texto! Esclareceu várias coisas... Obrigada Mi!
Perfeito! O time nem sempre está falando a mesma língua, seja por que desconhecem o objetivo a ser alcançado ou seja por não estarem engajados no objetivo. As razões do sucesso e implantação do scrum são claras e reais. Mas atualmente percebo que o ato de se engajar virou o maior tabu para o time. Temos de ser todos os dias o agente de transformação, para que assim contaminemos o ato de engajar nos membros do time.