sobre auto amor.

Oi pessoal, meu nome é Mayra Leão, sou formada em Gerontologia pela USP e pós graduada em Gestão de serviços de saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Atuo como Coordenadora de unidade/atendimento há 7 anos.

Tão logo iniciei a faculdade percebi que eu tinha boas habilidades para gestão, administração e liderança de pessoas, e desde então venho atuando e estudando mais sobre estas áreas.

Mas nem tudo foram flores, e após uma demissão, sem perspectivas de uma nova oportunidade de trabalho, decidi "dar um jeito" e me tornei uma afro empreendedora, usei a rescisão que havia recebido e abri uma loja de roupas de segunda mão (um brechó), onde eu exercia todas as funções pertinentes a microempresa: compras, organização, precificação, venda, atendimento, administração financeira, entregas, limpeza, marketing e investimento.

Foi uma época tão enriquecedora, onde eu estudei ainda mais sobre administração de negócios. Fiz dois cursos de empreendedorismo e uma consultoria no SEBRAE , li muito, vi milhões de vídeos sobre administração de pequenas empresas, aprendi sobre legislação, fluxo de caixa, impostos, marketing digital, mídias sociais, design gráfico, fotografia e legalização de comércio.

Não foi nada fácil fazer tudo isso sozinha, mas nada me trouxe mais satisfação pessoal do que ver a loja crescer e faturar. A loja não era o meu sonho, mas era minha realidade e dela faria o melhor possível e foi graças a ela (a mim) que pude, não só, manter minha vida (sem luxo, mas segura), como pude pagar a pós graduação tão sonhada.

Sempre que passo por um processo seletivo de trabalho fico na dúvida se devo contar essa parte da minha vida, onde atuei no mercado informal (visto que o desemprego e a falta de oportunidade só alimentaram minha motivação). Algumas pessoas me dizem até hoje que "não tem nada a haver" com minha área de formação e portanto, "queimaria meu filme" contar que estive fora da área por 2 anos.

Como assim abrir uma empresa do nada, sozinha, poderia "queimar" meu filme? Como assim fora? Eu não estava na área da saúde, mas eu estava atuando com administração e gestão, sim. Eu tenho muito orgulho de cada fase que vivi, pois sei que, entre erros (muitos, rs) e acertos, eu perseverei, eu dei conta, eu não desisti. E foram todas essas experiências que formaram a mulher/profissional que eu sou hoje.

Percebo que o mundo do trabalho é às vezes perversamente vaidoso e faz com que a gente se sinta inseguro em não estar naquele "cargo tão sonhado", naquela empresa tão almejada. E no final, se deixarmos, somos massacrados por sentimentos de derrota e perda, mesmo em meio a tanta conquista.

Enfim, não sou muito de escrever e me expressar por aqui (deveria fazê-lo mais vezes), mas queria compartilhar com vocês meu desabafo, porque decidi que eu serei mais carinhosa e generosa comigo. Essa mulher determinada, forte e entusiasmada, que nunca deixou de trabalhar (fosse na área que fosse) para conquistar seus sonhos, para se sentir útil e para aprender cada vez mais.

Deixo também aqui, de maneira lúdica, meu muito obrigada ao "Da Carochinha Brechó" (minha loja), que tanto me ensinou, que me proporcionou estudar e que me ensinou a lidar, amar, atender e entender gente mais do que qualquer faculdade. Obrigada pelos 2 anos intensivos de vida, independência, resiliência, humildade e responsabilidade.

Não importa quantas graduações e especializações eu tenha, o mundo do trabalho não depende só de mim, o desemprego acontece, os concursos são escassos. Mas seja lá como for o amanhã, sei que não estarei desamparada, porque eu não tenho preguiça de correr atrás, de trabalhar. Eu dou um jeito e isso, poxa, vale muito!