Sobre humanos e nossa capacidade de adaptação
Participei, nesta semana, de um encontro de mulheres empreendedoras em Londrina (PR), onde vivo. O grupo existe há mais de um ano e promove eventos mensalmente, mas foi minha primeira participação. Fui sem saber exatamente o tema, disposta a conhecer, ouvir experiências profissionais e fazer networking. Porém, nada foi como eu imaginei.
No início da conversa com a mediadora o assunto seguiu pela metafísica, pelos questionamentos existenciais e os propósitos da vida. Pensando “o que isso tem a ver com empreendedorismo?”, tive vontade de ir embora. Mas fiquei. Fiquei e me envolvi nas dinâmicas, que me levaram a resgatar momentos de realização, enfrentamento e superação das minhas próprias fraquezas.
Notei a relação íntima entre tudo aquilo e meu atual momento de vida. Em meados de 2015, tomei as rédeas da minha carreira e passei a trabalhar para mim. Não tem sido simples. Quase diariamente, preciso buscar (ou resgatar) a centelha que me levou a tal decisão e, a partir dela, me “reconvencer” de que os projetos darão certo.
Durante o encontro me pus a pensar em quão poucas vezes buscamos essa centelha. No dia a dia atribulado, ligamos o automático e damos conta das atividades rotineiras. As situações de ruptura estão entre estas poucas vezes em que nos resgatamos e revisitamos nossa essência. É também quando nos deparamos com nossa imensa capacidade de adaptação.
Em situações de mudança extrema – como a perda ou abandono de um emprego – somos levados a enfrentar nossas limitações e encontrar saídas para que elas deixem de impedir nosso caminho rumo ao sucesso. Temos que buscar a centelha que nos move em determinada direção e saber porque estamos indo para lá - e não para cá. Isto nos faz seres humanos mais verdadeiros e realizados. Mais conscientes de nosso propósito.
E o que isso tem a ver com empreendedorismo? Tudo. Iniciar um projeto solo, autônomo, sem crachá de empresa importante, exige um nível de consciência da própria capacidade elevadíssimo. Não somos obrigados a empreender, mas, no momento em que nos propomos a isso, nos tornamos responsáveis. Responsáveis pela vitória ou pelo fracasso.
Superar o medo da derrota faz parte dos medos diários de quem está iniciado um negócio; o medo do sucesso, também. Porque ter sucesso traz novas implicações, novas responsabilidades e novas expectativas – de terceiros e de nós mesmos. É aí que entra em ação nossa imensa capacidade de adaptação. Como seres humanos, nós superamos o primeiro desafio e logo, logo, nos colocamos em uma nova situação-limite. Faz parte das nossas habilidades.