Sobre igualdade de gênero.
Hoje fui ao cinema assistir ao filme Suprema (On the basis of sex), que retrata a desafiadora trajetória de Ruth Bader Ginsburg, advogada e atualmente Associada de Justiça da Suprema Corte dos Estados Unidos, que lutou ao longo da sua carreira profissional contra a desigualdade de gênero. Uau! Arrepios e muita emoção!
A história inicia-se na década de 60, na qual o papel da mulher era basicamente um só: cuidar do bem-estar da família. Contudo, ao contrário do esperado, vemos uma jovem entusiasmada com a perspectiva de estudar em uma das mais renomadas universidades do país, Harvard, para tornar-se uma advogada. Os obstáculos não demoram a aparecer e o próprio reitor, em um jantar de boas-vindas às alunas da classe de Direito, trata de deixar muito claro que elas estão ali ocupando a vaga de um homem, um ser aparentemente superior.
Já dizia Simone de Beauvoir “Ninguém nasce mulher. Torna-se mulher.”, fazendo referência ao fato de que o papel que a mulher exerce na sociedade, não está, de maneira alguma, ligada a traços biológicos, e sim, ao modo como a sociedade a vê e a qualifica. Tornar-se mulher ainda é ter corpos e mentes tolhidos, aprisionados. Corpos que devem ser depilados, pés que devem usar saltos altos, rostos que devem ser maquiados, mentes que devem se voltar para a família. De fato, nunca foi fácil pertencer ao sexo feminino em uma sociedade que valoriza o ser e os feitos masculinos, relegando para segundo plano, um plano de apoio, o ser e os feitos da mulher.
É verdade que a sociedade já mudou e evoluiu muito. Hoje em dia enfrentamos outros desafios, porém, a luta pela igualdade de gênero permanece. Tivemos avanços extraordinários graças a pessoas como Ruth, mas ainda é frustrante reconhecer que em pleno século XXI, mulheres ainda precisam se provar para a sociedade e justificar, mesmo que inconscientemente, porque estão ocupando a vaga de um homem. É frustrante a disparidade de salários entre homens e mulheres ocupando cargos equivalentes. É frustrante que muitas mulheres não são promovidas porque têm filhos. É frustrante que muitas mulheres não conseguem chegar a cargos de alta gerência apesar de sua competência e qualificação. É frustrante que muitos ainda pensem que o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos é dever apenas, ou em grande parte, da mulher.
O assunto está longe de ser encerrado, mas para terminar o texto, duas frases, ditas pela própria Ruth Ginsberg, que ecoaram profundamente:
“I ask no favor for my sex. All I ask of our brethren is that they take their feet off our necks.”
“A gender line... helps to keep women not on a pedestal, but in a cage.”