Sobre a importância da moda!
Hoje resolvi falar sobre uma das minhas maiores paixões: moda! Desde criança, sou fascinada por tudo relacionado a esse universo, e sempre gosto de pesquisar e me informar sobre essa arte que está presente na sociedade há alguns séculos. Entretanto, é um fato que a moda é rodeada por vários tabus e, mesmo que estejamos no século XXI, ainda é alvo de muitos preconceitos.
A moda, como tudo na vida, possui, sim, uma face controversa, como a exploração de recursos e pessoas, por exemplo. Entretanto, o que muitas pessoas se recusam a pesquisar e a aceitar, é o outro lado da moda. Sim, aquele que impulsiona economias, revoluciona os modos de vida, proporciona oportunidades, promove a nossa constante reinvenção e nos faz descobrir o mundo sob diferentes perspectivas (vou parar por aqui, porque essa lista é imensa!).
O hábito de se vestir, seja por necessidade ou vontade, perdura na sociedade há alguns milênios. Quando pensamos na “Pré-História”, normalmente associamos essa fase com um período de descobertas e transformações e, para se adaptar às condições da época, o homem buscava, através dos recursos disponíveis, maneiras de se proteger e abrigar. Nesse caso, a população utilizava peles de animais, com o intuito de aquecimento. Contudo, conforme o tempo foi passando, e a noção de uma sociedade organizada começou a surgir, o homem deu início a um processo de busca, para encontrar diferentes maneiras de adequar o vestuário em cada esfera social.
Além disso, ao longo da história, é possível contemplar vários momentos em que a moda foi responsável por mudar radicalmente o modo de vida de uma determinada parcela da sociedade, como foi o caso de Coco Chanel. Durante a 1ª Guerra Mundial, e o período anterior à esta, Chanel foi a responsável por transformar, drasticamente, o cenário da moda feminina. Em uma época na qual as mulheres não tinham poder para a tomada de decisões, a estilista expunha opiniões como “As mulheres põem até fruteiras na cabeça. Como um cérebro pode funcionar lá embaixo?”, frase declarada por ela. Logo, criou, através da incorporação de alguns elementos do vestuário masculino, um novo estilo para as mulheres daquele tempo. Os comprimentos das saias e vestidos subiram e os tailleurs fabricados em tweed, tomaram o lugar dos espartilhos, possibilitando que as mulheres tivessem mais liberdade e se adaptassem à nova realidade imposta pela Guerra e, também, para que expandissem seus horizontes acerca do significado que está por trás de uma roupa.
Outro estilista que também foi profundamente responsável pela ressignificação das vestimentas de uma época, foi Christian Dior. Em um período no qual a Europa estava devastada pelos horrores deixados pela 2ª Guerra Mundial, Dior, que havia inaugurado sua maison entre 1946 e 1947, promovia o New Look. Foi na tarde de 12 de fevereiro de 1947, que o estilista francês apresentou ao mundo a sua coleção, a “Linha Corola” ou “Linha 8”. Carmel Snow, redatora-chefe da Harper’s Bazaar, espalhava para os “quatro cantos do mundo”, a excelência do New Look proposto por Dior. Em um período no qual as pessoas lidavam com as ruínas deixadas pela Guerra, Dior presenteava a sociedade com a beleza de seus figurinos, recuperando o que havia sido perdido para as atrocidades da guerra. Para Christian Dior, o fim da Guerra simbolizava um novo momento para a humanidade, no qual a felicidade deveria reinar e, grandiosamente, alcançou este propósito através de suas criações, sendo imortalizado, até hoje, pelas novas gerações, que o encaram como uma fonte de inspiração.
Toda vez que eu ouço alguém falando que a moda é superficial e não traz benefícios para o âmbito social, sempre gosto de citar um exemplo. Há uns anos, estava assistindo um programa que falava sobre moda no Brasil, e um dos casos que eles mostraram foi o do Projeto Ponto Firme. Idealizado por Gustavo Silvestre, artesão e designer, essa iniciativa objetiva a ressocialização de detentos, através da moda. Guiados por algumas pessoas da área, como artistas plásticos, costureiros e estilistas, os grupos aprendem sobre a logística da criação de uma coleção e estudam sobre diversos repertórios. Em 2018, uma turma de detentos teve uma grande oportunidade: apresentar seus trabalhos na primeira edição da São Paulo Fashion Week daquele ano. Nas peças, é possível ver elementos que denotam sobre a realidade na qual eles estão inseridos, além de ser uma forma célebre de se expressar e mostrar para o mundo o verdadeiro “eu”. Esse caso exemplifica um dos maiores objetivos da moda: a possibilidade de se reinventar, transformando a si mesmo e a realidade à qual você pertence, através de uma maneira digna e libertadora.
Para a economia, a moda é um setor muito importante, afinal, é avaliado em U$ 3 trilhões, no mundo todo. Além disso, quando pensamos na intensidade do comércio, é considerada como a segunda maior atividade econômica mundial. E, ainda, de acordo com Frances Corner, historiadora e acadêmica de design e arte, especializada em moda, esse setor da economia é responsável por empregar mais de 57 milhões de pessoas, em países em desenvolvimento. Ademais, como foi citado anteriormente, no período em que a Europa estava arrasada pelas consequências das Guerras, a moda foi importante como uma maneira de ajudar a impulsionar a economia, uma vez que estilistas buscavam novas opções de materiais e recursos para a criação das coleções, como foram os casos de Chanel e Dior.
Isso é apenas um fragmento do que essa arte tão ilustre representa. Reflexo de uma época e de uma sociedade, a moda pode ser encarada como um grito de liberdade. As roupas, em suas mais diversas formas e histórias, simbolizam o nosso íntimo e como nos apresentamos ao mundo. Provocativa e inovadora, a moda apresenta um papel fundamental no mundo: instruir um olhar crítico, mas ao mesmo tempo sensível, capaz de enxergar o mundo sob diferentes perspectivas. É dar voz às diferentes culturas e costumes, em prol de ampliar o respeito pelas diferenças. É uma arte que ensina, diariamente, que é preciso ter coragem para sermos nós mesmos e assumirmos nosso papel no mundo.
Representante Comercial | Petutinha e Letut e Lebhua do Grupo Paraíso
3 aBelo texto!