Sobre o papel e o valor da escrita

Sobre o papel e o valor da escrita

Todos os dias eu me dedico à escrita: seja como criador de conteúdo ou professor de línguas, muito experimento em nome de uma melhor expressão no papel e de uma melhor impressão à leitura.

A escrita é uma ferramenta para organizar o que pensamos e para revelar quem somos. Ao produzir um texto — desde um artigo científico até uma carta de amor — damos forma a ideias e identidades. O burocrata entediado, por exemplo, escreve o seu próprio tédio (tem tédio escrito na testa); já o poeta revela sua perspicácia por meio das palavras certas.

Considerando essa relação entre pensamento, identidade e escrita, imagino que o esforço de escrever um texto melhor nos torne pessoas mais esclarecidas — e só isso já compensa a dedicação ao ofício. Mas muitas são as rotas e os rótulos a demarcar o que é ser melhor num texto, e quando o manual não é de escrita, é de etiqueta.

Manuais nos trazem uma direção, o que é útil - afinal de contas, o papel em branco pode ser como o silêncio constrangedor junto a um estranho. É importante saber o que se espera de nós e como fazê-lo, pois há protocolos e regras, existem os critérios do professor, do seguidor e do chefe; existe a censura dos outros e de nós mesmos.

Ainda que sigamos um script ou atendamos a uma expectativa externa, creio que a melhor versão de um texto começa na expressão autêntica de uma ideia, o que demonstra identidade e pensamento originais. Uma produção escrita distinta fará mais sentido por uma razão básica: ela nos faz sentir algo a mais.

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos