Sobre os Dons (os que Deus nos deu)
"Trabalhe com o que você ama e não precisará trabalhar um dia sequer."
Ok... mas você sabe o que você ama?
Lá atrás, em 2007, quando abri a primeira empresa, eu tinha muita clareza do que eu não queria. Não queria mais só uma hora por dia com meu filho acordado. Não queria mais ir para o mesmo lugar todos os dias, passar o dia sentada, fazendo coisas que eu nem sempre acreditava. Abri uma cartolina, desenhei uma bonequinha de palito no meio e escrevi em volta tudo que eu já tinha feito. Estava às vésperas de completar 30 anos de idade e, desde os estágios, já estava há 11 anos no marketing. Tive a sorte e a oportunidade de trabalhar em todas as áreas de marketing que existiam até então: planejamento, eventos, comunicação, design, CRM, endomarketing. Eu quase não tinha reservas (sim, foi num impulso), então havia uma necessidade financeira de, seja lá o que fosse, encontrar logo o que eu iria vender. Aquela cartolina foi meu Canvas. Decidi que meus clientes seriam empresas pequenas que, sem estrutura de marketing, poderiam terceirizar a área comigo.
Primeiro ano, ok! Aí veio a crise de 2008, que bateu por aqui em 2009. Quem não tinha marketing não estava nem aí para contratar. Mas não desisti, afinal, eu tinha muita clareza do que eu NÃO queria. Moldei meu negócio para a realidade do mercado, atuei em várias frentes, tive clientes com fee mensal com o tal do mkt terceirizado, consegui projetos, fiz trabalhos comerciais... e, olhando para trás, havia uma coisa que eu fazia em todo lugar porque achava que era parte do meu trabalho: eu escrevia. Escrevia Newsletters, jornalzinho do endomarketing, texto de anúncio, texto legal, texto de site, comunicados para clientes, informativos para franqueados, descrição de parcerias. Desde lá no Banco eu escrevia e, como era muito simples e natural, quando incluíram nas minhas atividades a redação dos textos do site do Itaú Personnalité, por exemplo, fui lá e escrevi.
Quem leu meu texto anterior (texto aqui), sabe que eu já venho há algum tempo na busca do que, afinal, eu vim fazer neste mundo. Qual o meu Dom. Hoje, o melhor de mim que eu posso entregar, na minha área de formação e experiência, é o tal do PIMP (Planejamento Integrado de Marketing e Processos). E como eu faço isso? Escrevendo. Não tem aplicativo, não tem sistema. Ferramenta online, só as de pesquisa. As coisas são presenciais, olho no olho. Os insights, gerados a partir da produção redigida.
E quando a gente busca, também lembra. Desde pequena, meu jeito é escrevendo. Aos 4 anos falei que queria ir para a Pré-escola aprender a escrever. Me recusava a ficar na sala do Jardim III porque ali eu não aprendia a juntar as letras. Minha mãe foi chamada na escola e a Diretora, Tia Toninha, falou “tudo bem, ela acabou de fazer 5, pode ir para o Pré. Lá na frente, não vai conseguir acompanhar e vai repetir algum ano.” (Tia Toninha, eu não repeti). A Lulu, minha professora de redação do colégio, me disse um dia "o legal é que você não gosta só de escrever. Você gosta do que escreve." Escrever é o meu jeito de falar. Escrever é o meu espelho. Nas entrevistas de emprego, sempre dava um jeito de falar “quando eu nasci, Deus falou: ‘essa menina vai escrever’” (leia isso imitando a vóóóóz de Deus Cid Moreira, é como eu falo!).
Dia desses estava lendo Brida, de Paulo Coelho. Em um trecho, sua mentora a manda ler na Bíblia quais os nove Dons que Deus havia colocado no portifólio da humanidade: “a palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento, a fé, a cura, a operação de milagres, a profecia, a conversa com os espíritos, as línguas e a capacidade de interpretação”. Anotei no meu caderninho. Domingo retrasado, depois de anos sem fazer isso, fui à missa, acompanhar minha tia. A segunda leitura foi a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, que fala do que? Dos 9 Dons. O mesmo trecho, jogado na minha cara.
“VIXI MARIA. Tava ali lendo Brida e anotei os 9 Dons no meu caderninho. Aí entro aqui na igreja e justo hoje, entre todos os domingos do ano, em que as leituras não se repetem, está aqui o mesmo trecho!!”
Sinal de quê isso? Tá querendo me falar o quê Universo, Força Maior... Deus? Querendo entender, ensaiei uma semana para escrever este texto até concluir que eu simplesmente deveria ESCREVER. Oras.
Houve um tempo em que parei de escrever. E tudo, menos coincidência, esta época bate com os piores anos da minha vida até agora, que foi exatamente quando eu parei de sonhar. Não falo do sonhar dormindo. Falo do sonhar com coisas melhores, projetar desejos. Sonhar com as coisas que podemos ser e fazer. Viagens, sabores, amores. Sonhar. Porque, como eu disse, meu jeito sempre foi escrevendo.
Nestes meus estudos sobre os Dons, aprendi que exercer um Dom que Deus nos deu também é uma forma de nos conectarmos com Ele. Com a sabedoria maior, com a vibe do Universo, com a fonte de abundância plena. Escrever é a minha conexão.
Para quem não sabia, estes são o 9 Dons que Deus entregou aos homens: “a palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento, a fé, a cura, a operação de milagres, a profecia, a conversa com os espíritos, as línguas e a capacidade de interpretação”.
Aproveitem!