Sobre resiliência, liderança e o poder das novas gerações

Sobre resiliência, liderança e o poder das novas gerações

Muito se fala sobre as novas gerações. Textos, palestras e teorias tentam explicar quem são os jovens de hoje. Algumas abordagens tocam a superfície; outras caem no vazio, sem conexão real com a vivência. Mas será que estamos olhando com a profundidade necessária?

Esses jovens não nasceram em um mundo vazio. Eles carregam as frustrações de gerações passadas, utopias inacabadas e um desejo intenso de construir algo novo. E é isso que faz deles tão incríveis: a capacidade de transformar.

Tive a sorte de vivenciar isso em um lugar inesperado: um time universitário de vôlei. Este grupo, que teve de se reconstruir do zero, aceitou o desafio com coragem e compromisso. Dizem que essa geração não é resiliente? Pois eu vi o contrário: eles levantaram um time e, com trabalho duro, conquistaram o campeonato de forma invicta, com a melhor campanha da história.

Com 34 anos e mais de 10 anos de experiência como gerente, decidi entrar em quadra como jogador. Sou o único aluno de mestrado que pediu para participar de um time de graduação — e foi uma das melhores decisões que já tomei. Não só fui acolhido com respeito e empatia, como aprendi que a verdadeira liderança se fortalece quando vivemos a experiência junto.

Mas nada disso seria possível sem os técnicos que conduziram esse grupo com excelência. Eles foram os pilares que ajudaram cada jogador a enxergar seu potencial, tirar o melhor de si e colocar isso em quadra. Com olhar estratégico, empatia e dedicação, eles construíram uma equipe que não só competiu, mas se conectou. Foram eles que transformaram desafios em aprendizado e fizeram com que cada treino fosse um espaço de crescimento individual e coletivo.

Essa imersão me fez um líder melhor. Cada treino foi um exercício de paciência, escuta e incentivo mútuo. Eles me mostraram que liderança não vem de títulos ou hierarquias, mas do exemplo, da conexão e da humildade de aprender com o outro.

Por isso, não vou parar por aqui. Continuarei nesse time, em quadra e nos treinos, para continuar aprendendo e contribuindo. Porque essa troca vai muito além do vôlei, ela transforma pessoas, tanto dentro quanto fora da quadra.

Enquanto muitos tentam explicar essa geração com teorias e slides, eu escolhi viver com eles. Descobri que o verdadeiro aprendizado está na prática, no coletivo, na construção de algo maior.

Para os gestores e coaches que buscam entender as novas gerações, deixo uma dica: parem de tentar encaixá-los em modelos prontos. Vivam com eles. Observem sua força, seu potencial e sua vontade de ser ouvidos.

No fim, não são os modelos prontos que criam conexões verdadeiras, mas a disposição de viver, observar e aprender junto. É assim que crescemos, como pessoas e como líderes.

Este time, com o apoio incansável dos técnicos e a dedicação de cada jogador, me surpreendeu, me transformou e me inspirou. Tenho orgulho de fazer parte dessa jornada — e mal posso esperar para ver onde ela nos levará.

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