Sobre trabalhar de graça e generosidade

Aquela linha tênue entre ser generoso e se sentir trouxa, olha, ela é quase imperceptível. Quando você se pergunta por que anda tão ocupado, tão cansado, tão sem energia, é capaz de encontrar aí um emaranhado de coisas que está fazendo e não precisaria estar. Dizer não é difícil.

Ser alguém gente boa custa. Ser empático, como prega a nova cartilha do bom comportamento pós-moderno, também. E tudo bem, o lance é estar disposto a pagar. É ter recursos psicológicos para bancar a figura legalzona.

E por que, né? Queremos ajudar, precisamos nos sentir necessários na vida de alguém. Tentamos nos fazer presentes, esperamos reconhecimento, o vazio existencial camuflado na broderagem excessiva, a carência fantasiada de solidariedade. Esses subprodutos do inconsciente que poucos se sentem à vontade para falar sobre.

Trabalhar de graça, pensar de graça, colaborar com alguém que precisa de uma mão. Tudo é válido até onde não te machuca. O limite é o sentimento de abuso, que às vezes demora pra chegar porque estamos ocupados demais tentando fazer algo significativo.

Quando a gente para e reflete melhor sobre como anda a nossa própria generosidade, é um massacre interno e externo. Olha, que chata, egoísta, nem me atende, mesquinha, ranzinza. Às vezes rola de não sermos as melhores pessoas do mundo.

Tem hora que a gente não tá confortável com a gente mesmo. Esgotou a paciência, a vontade de ser legal com o próximo é lentamente substituída pela raiva de ter levado um calote, um desaforo pra casa. Nos chateamos quando os outros não são tão legais conosco. Efeito dominó. E tudo bem, não é o fim do mundo, só um momento de saco cheio e vontade de dar voadoras aleatoriamente.

Tem hora que gentileza não gera gentileza porra nenhuma. Gera esgotamento mental, fraqueza, sensação de abandono.

Nessas horas, esquece o outro, cara. Foca aí nos teus corres, ganha tua grana, não se force a ser gentil com os outros quando o estoque de gentileza acabou faz tempo.

Seja compreensivo com você mesmo e boa. Às vezes um não bem dito dá uma puta alavancada na nossa vida. E isso, nessas horas de cansaço, já tá de bom tamanho.

Ana Cristina Suriani

Empreendedora na Ogra Oficina Gráfica e B2P

7 a

Muito bom, pura verdade!

Mariana Bruno

Jornalista | Assessora de Comunicação

7 a

Viviane P., olha quanta verdade!

Como sempre, cada texto que leio teu tem essa coisa de te colocar dentro do assunto e te fazer pensar, fico pasmo como vc escreve gostoso, fácil e simples, estarei no próximo "Escrita Criativa" ctz...

Evelyn Teixeira

Especialista em Marketing Estratégico | Gerente de E-commerce | Marketing Digital

7 a

Seus textos são muito motivadores e sempre me fazem refletir sobre o que estou fazendo com a minha vida rsrs. Eu tenho esse problema de não saber como dizer 'não' e muitas vezes me sinto esgotada e nem sei o motivo. Aliás, agora sei kkk. Estou refletindo aqui, por quê nos multiplicamos tanto para agradar as pessoas e por fim nos sobrecarregamos ?

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