Sobre vagas de emprego
Trabalhei em uma empresa localizada em endereço nobre em moderno em São Paulo. O escritório se dividia por três andares de um prédio. Porém não eram andares imediatamente próximos ou seguidos - como primeiro, segundo e terceiro - mas intercalados - primeiro, terceiro e quinto, por exemplo - entre os pisos, outras empresas, concorrentes daquela onde eu trabalhava, inclusive.
Esse intervalo entre departamentos fazia com que muitos funcionários acreditassem que o andar onde eu atuava era um setor terceirizado. Muitas vezes não éramos considerados parte da empresa: chegamos a ser "esquecidos" de uma festa de final de ano.
Não havia o mínimo esforço de comunicação interna para desafazer a sensação de que éramos terceirizados (note-se que não há problema em ser terceirizado, o problema era que não sabiam que éramos funcionários).
Mas esse era um dos desafios da comunicação interna.
Outro era a divulgação de oportunidades. Naqueles tempos a intranet não era comum. E certa vez soube por colegas de faculdade de uma vaga aberta naquela empresa onde eu trabalhava. Conversei com minha chefe que me motivou a me candidatar e que conversou com o departamento pessoal, que não nos respondeu.
Com o aval da chefe encaminhei meu cv pelo mail interno, acreditando que isso chamaria alguma atenção: zero.
Nenhuma resposta. Nem um "Valeu Thiago, mas agora não" nem um "Mas que ousado mandar cv pelo mail interno".
Quem foi contratado foi um amigo de alguém do núcleo que abriu a vaga.
Naquele diz minhas expectativas de crescer lá dentro zeraram e entendi que em alguns CNPJs o que vale é o QI.