SOCIOLOGIA E RECURSOS HUMANOS: ANTIGOS E NOVOS FUNCIONARIOS OU ESTABELECIDOS E OUTSIDERS

SOCIOLOGIA E RECURSOS HUMANOS: ANTIGOS E NOVOS FUNCIONARIOS OU ESTABELECIDOS E OUTSIDERS

Como sua organização tem recebido e integrado os novos funcionários? Com uma semana de integração? E depois, como esse novo colaborador se integra ao ambiente de trabalho? Quem media o acesso à cultura da empresa? Quem o ajuda a atravessar os primeiros dias de aprendizado no que diz respeito ao cargo?

A retenção de talentos começa já na integração, no processo de fazer do novo colaborador um integrante da empresa, conhecedor e adepto dos valores e crenças da organização, de modo que ele se perceba como pertencente aquele lugar. Pertencimento gera coesão de grupo e com isso mais engajamento e resultado..

Lembro de um estudo (de Norbert Elias e John L. Scotson) que apresenta as dificuldades de integração de novos moradores de um bairro em relação aos vizinhos mais antigos. Ainda que não se trate de uma empresa, o exemplo do bairro (fictício) de Wintson Parva pode nos ajudar a pensar o momento de integração de novos funcionários e das dificuldades que podem se apresentar.

No livro Os estabelecidos e os Outsiders, os sociólogos Elias e Scotson investigam a dinâmica de um pequeno bairro do Reino Unido, onde os novos moradores são sumariamente excluídos e hostilizados pela vizinhança mais antiga. Uma das “técnicas”, identificadas pelos pesquisadores, que eram usadas para manter uma barreira de distanciamento entre os novos e antigos moradores era a fofoca.

Era por meio de mexericos que os antigos moradores reafirmavam seus valores de honra e respeitabilidade, enaltecendo a si mesmos, e ao mesmo tempo garantindo um afastamento dos novos moradores, a quem eles atribuíam comportamentos perigosos e desordeiros.

Os pesquisadores explicam que o fato dos antigos moradores se constituírem como um grupo altamente integrado (se conhecendo desde várias gerações) fazia com que fosse mais fácil acionar uma rede de fofocas mais ampla, em que os fuxicos corriam livremente..

Será que algo assim poderia acontecer nas empresas? Um grupo mais antigo, coeso, que compartilha de certos valores, ao se deparar com novos membros (com outros estilos de comportamento ou que pertencem a um grupo minoritário) acabam por se comportar de modo a criar uma barreira de integração, fazendo com que se configurem dois grupos na empresa (os estabelecidos e os outsiders)?

Como então se sentiriam esses novos colaboradores- hostilizados pelos antigos-? Como garantir uma integração mais efetiva? Seria possível melhorar/potencializar esse processo, de modo a garantir a integração de novos e antigos funcionários, além de conduzir o novo colaborador numa jornada que possibilite a criação de vínculos entre os colegas?

Coisas para o próximo post...

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