Soft skills necessárias para um advogado no atual cenário jurídico-corporativo
Nossa sociedade vive em constante evolução e, no decorrer de nossa história, consegue-se observar os impactos nas formas de nos relacionarmos e nas formas de trabalho e negócios. Com o avanço da tecnologia e a chamada quarta revolução industrial, vivemos hoje mais um marco nessa evolução.
O termo “Mundo VUCA”, criado na década de 90, mas recentemente incorporado ao meio corporativo, é um acrônimo utilizado para descrever o atual momento do ambiente de negócios: volátil, incerto, complexo e ambíguo.
Num contexto prático este termo descreve um mundo onde, com o avanço da tecnologia e da globalização: (i) o aumento do volume de mudanças e a rapidez com que ocorrem torna difícil a previsão de cenários à médio/longo prazo; (ii) práticas consolidadas de sucesso não serão mais efetivas; e (iii) a conectividade e o grande número de variáveis tornam cada vez mais complexa uma tomada de decisão.
O meio jurídico, por sua vez, impactado por essas mudanças, tem sentido a necessidade de repensar sua forma de ser e de atuar, seja nas características e conhecimentos que um profissional deve desenvolver, seja na forma de conduzir seu negócio. Afinal, o que antes era necessário para ser um advogado de destaque, já não basta.
Largaram na frente aqueles que abraçaram a Advocacia 4.0 e já integram tecnologias em sua atuação para aumentar performance e produtividade e melhorar a administração do seu escritório.
Contudo, se enganam aqueles que pensam que a tecnologia vem para extinguir o trabalho do advogado. Todavia, ela exigirá que o profissional se reinvente. A multidisciplinariedade e o desenvolvimento de habilidades não diretamente relacionadas ao Direito precisam estar no radar daquele que quer se diferenciar.
Passamos por uma era onde o conhecimento técnico (hard skills) era superiormente valorizado. O Advogado se limitava ao mundo jurídico e focava seu desenvolvimento apenas em estudar mais e mais Direito. Enquanto gestores de seus escritórios, acreditava que para ter a melhor equipe, bastava contratar o candidato com o maior know-how em determinada área de atuação. Todavia, o conhecimento jurídico, por si só, já não representa um diferencial para o profissional.
Por sua vez, ganham cada vez mais destaque no meio corporativo as soft skills, habilidades comportamentais e sociais de um indivíduo. São particulares pois se desenvolvem a partir de experiências, cultura, educação, criação de cada um. Podem ser desenvolvidas, trabalhadas e melhoradas, embora não sejam adquiridas com capacitação técnica.
Numa rápida pesquisa, você encontrará inúmeras soft skills com grande relevância para um profissional (pensamento crítico, capacidade de negociação, tomada de decisão, liderança, comunicação eficaz, gestão de pessoas, gestão de tempo, dentre outras)
Contudo, hoje quero focar em cinco soft skills que, ao meu ver, são o grande diferencial e estão alinhadas com o novo rumo que o meio jurídico está traçando.
Essa seleção serve como um direcionamento tanto para o profissional que quer se diferenciar quanto para o escritório jurídico que quer ter em sua equipe profissionais com habilidades diferenciadas.
E quais são elas?
1. Pensamento Criativo: Atualmente, há uma cobrança e busca diária pela inovação como uma forma de não sucumbir à velocidade das mudanças e como ferramenta para se destacar profissionalmente em meio a tanta concorrência. O pensamento criativo é o primeiro passo para a inovação e, aqui, deve ser vista como uma habilidade relacionada à capacidade de resolução de problemas buscando soluções fora do padrão comum. É fazer algo de modo diferente e melhor.
2. Colaboração: Capacidade de estabelecer um bom relacionamento interpessoal, por meio de uma boa comunicação e compreensão estratégica das diversidades, extraindo da equipe o melhor de cada um em prol da organização.
3. Adaptabilidade: Como falamos, o avanço da tecnologia traz consigo a urgência de adaptação às rápidas mudanças e estímulos externos que recebemos constantemente. Logo, profissionais com a capacidade de se adaptar de acordo com a necessidade, estando aptos a viver/trabalhar em condições diversas, são disputados no mercado por não temerem mudanças e abraçarem o novo.
4. Orientação ao servir: Esta habilidade não tem relação com a subserviência, mas é a capacidade de fazer a diferença para alguém. Quando atuamos com foco no outro (cliente interno ou externo), para que suas necessidades sejam integralmente satisfeitas e suas expectativas sejam superadas, deixamos nossa assinatura, nossa marca gravada. Na prática, essa habilidade pressupõe o conhecimento do seu público e a capacidade de adaptação do atendimento e do serviço oferecido à realidade do cliente.
5. Pensamento Crítico: É a capacidade de, a partir de um dado, avaliar todos os possíveis cenários, compreender todos os seus desdobramentos, pesando prós e contras, e identificar as ações necessárias para uma tomada de decisão. Envolve a lógica e o raciocínio. Também possui a habilidade da explicação (expressar, de forma clara, o que pensa e como chegou a tal conclusão) e da autorregulação (pensamento crítico aplicado a si mesmo, melhorando o seu próprio pensamento).
Quais outras soft skills você acredita que serão necessárias ao advogado?
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Bibliografia:
1. BRESSAN, Cyndia. et al. (Coord.). Liderança com base nas softs skills. 1.Ed. São Paulo: Leader, 2019.
Imagem: Freepik
Head de Inovação Jurídica. Estuda Blockchain, Metaverso, NFTs, DAOs e Web 3.0
3 aExcelente. Será referência bibliográfica para meu TCC.
Advocacia Cível | Previdenciária | Assessoria jurídica em Processos de Licitação | Analista Master de licitações
4 aAdorei sua explicação. Clara, objetiva e rica ao mesmo tempo. Acredito que nós advogados teremos sempre que estar desenvolvendo habilidades de gestão corporativa e marketing. Uma gestão onde se é possível analisar cada especialidade de cada colaborador para que não ocorra "trocas de papés" vindo assim a atrasar uma entrega por exemplo. E um marketing, onde se é possível levar ao cliente por exemplo, formas mais fáceis de se ter acesso ao conteúdo do nosso trabalho prestado de forma rápida, prática e que não seja necessária a nossa intervenção. Pois quando o cliente quiser informações ele tem meios para acessá-las mesmo que naquele momento não tenha algum profissional disponível para passá-las a ele. Parabéns pela explicação sobre estas habilidades descritas em relação à soft skills
Advogada e Encarregada de Dados Pessoais (DPO)
5 aAssunto muito relevante e essencial para o perfil profissional e corporativo.
Consultoria / Gestão Jurídica na João Gilson Gestão & Controladoria Jurídica | Organização da produção jurídica
5 a👏👏👏👏👏