Não Existem Soluções Mágicas para Qualidade de Software

Não Existem Soluções Mágicas para Qualidade de Software

Dentre as atividades de um Gestor de Qualidade de Softwares, uma função muito importante, principalmente nestes tempos onde a terceirização está sob os holofotes, é atuar em processos de seleção de empresas parceiras para a contratação de serviços de testes. Após participar de inúmeras reuniões com empresas de todos os tamanhos e níveis de maturidade, e ser apresentado a uma série de “soluções mágicas” para a área de testes, resolvi elencar alguns pontos que podem servir como dicas para as empresas provedoras de serviços de Qualidade de Software, ou mesmo para os profissionais da área que atuem vendendo ou contratando esse tipo de serviço:

  • Conheça o cliente: “Nossa empresa desenvolveu a metodologia XPTO que produz resultados fantásticos dentro da área de Qualidade de Softwares!” Lindo, principalmente no ptt animado que está sendo apresentado durante a reunião. Mas quanto desse milagre de otimização pode ser efetivamente empregado no novo cliente? É válido sim mostrar que a empresa se preocupa com a melhoria dos processos e que possui expertise e ferramentas para ajudar o novo cliente a conseguir melhores resultados, mas cada empresa funciona como um organismo diferente, com esteiras, funções e visões próprias. Algumas estruturas organizacionais podem ter limites de atuação imutáveis que inviabilizem parte da sua proposta de serviços. Portanto, ouça o cliente, tire dele informações pertinentes que possibilitem adequar a sua proposta a realidade dele. Prefira por exemplo uma abordagem onde a atuação seja, em um primeiro momento, focada na equipe de testes propriamente dita. Por mais que estejam intimamente ligados, atue primeiro no QC e, utilizando os resultados obtidos como propaganda e conhecendo melhor como a empresa funciona, parta para uma proposta abrangendo de fato o QA.
  • Conheça o negócio: por mais óbvio que possa parecer, ter na sua equipe profissionais que já tenham atuado no ramo de negócio do possível cliente é um grande diferencial. Técnicas e boas práticas de teste se ensinam, mas conhecimento de negócio que possa ser empregado na melhora da qualidade dos serviços de teste é algo que se absorve na vivência dentro de cada cliente. Procure oferecer ao seu cliente uma equipe que consiga conversar com ele no seu próprio linguajar. Ok, geralmente o contratante é da área de TI, mas com certeza uma boa equipe de Qualidade de Softwares vai precisar interagir com áreas de Produto e Negócio que utilizam uma linguagem peculiar ao seu ramo de atuação. Além de passar maior confiança ao cliente, conhecer o negócio irá possibilitar à equipe de Qualidade participar das discussões como participante e não apenas como “o pessoal de testes que quer conhecer os requisitos”, gerando inputs e provendo suporte às demais áreas, além de permitir um maior embasamento das suas atividades diárias.
  • Conheça as ferramentas: mesmo que já possua experiência em um determinado ramo de negócio, as ferramentas e tecnologias utilizadas variam consideravelmente entre as companhias. Assim, vale muito a pena ter no seu repertório de atuação conhecimento em diversas ferramentas de mercado para ampliar seu leque de possibilidades. Nem sempre vender o seu framework de automação (e aqui pegarei um gancho para o próximo artigo), por exemplo, é a melhor pedida. Empresas globais costumam ter contrato de parceria com grandes provedoras de tecnologia, e possivelmente utilizar esse vínculo para reduzir um pouco o custo total do serviço (e agradar o seu cliente) pode ser uma grande sacada.
  • Seja realista: muitas vezes na ânsia de se conseguir mais um cliente, acabam-se aceitando, ou até mesmo propondo, cronogramas impraticáveis ou com alto risco de insucesso. A produtividade da equipe de testes depende muito do conhecimento prévio sobre o negócio e sobre as ferramentas utilizadas pela companhia, como já mencionado acima. Assim, sendo o primeiro contato com a empresa, vale a pena ser um pouco mais conservador. Sim, 99% de certeza que o contratante já tenha uma data cravada na pedra, mas boa parte do trabalho da gestão de testes é se adaptar às mais diversas realidades sem perder o foco na qualidade e gerando sempre impactos positivos (Impacto?? Só para melhor!). No nosso ramo, “o primeiro resultado é o que fica”. Entregar mal ou não entregar uma primeira demanda é como assinar a própria sentença, portanto, tenha cartas na manga que permitam chegar a um meio termo onde não se desvie o cliente do seu planejamento e nem tão pouco ponha em risco a qualidade da entrega dos serviços de QA.

Sugestão? Proponha uma POC, um assessment de tiro curto, onde o possível cliente possa degustar o serviço oferecido e começar a enxergar as vantagens dessa parceria e permitir a empresa provedora aprofundar-se no universo a ser testado, garantindo maior confiabilidade para suas estimativas e entregas. Ganho para os 02 lados!

Abraços e até o próximo artigo!

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