Somente a tecnologia traz resultado?

Quais as dificuldades da implementação de uma tecnologia?

               Hoje na agricultura quando nos deparamos com algum problema, queremos de imediato culpar o que é fácil, geralmente o clima, o solo ou até mesmo a sorte, mas, nem sempre conseguimos resolver o mesmo problema só arrumando culpados, precisamos de tecnologia para trazer informações do campo e com isso analisarmos.

Mas só as informações manuais digitalizadas funcionam?

               Essa é uma pergunta interessante e que muitos acreditam que não existe, porém, algumas empresas rurais como usinas ou até mesmo fazendas utilizam fichas manuais que geram pilhas e mais pilhas de informações redundantes e que necessitam de horas e horas de mão de obra para serem “vomitadas” dentro de um sistema que sequer vai conseguir trata-las devido à falta de padronização.

               Com isso nos perguntamos: “Adianta termos essas informações manuais sem nenhum tipo de tratativa?”, sinto lhes dizer que não adianta.

Mas o que fazer?

               Muitas vezes com isso as pessoas irão buscar no mercado uma tecnologia que vende o sonho platônico de “PLUG AND PLAY”, geralmente o comercial da mesma empresa traz o slogan de que vai maximizar a eficiência e reduzir os custos de uma maneira fácil e somente com a tecnologia, sem intervenção humana, porém logo após o início da implantação da mesma você descobre que necessita de várias equipes altamente capacitadas para que a tecnologia, antes dita tão auto suficiente, funcionar.

O que realmente acontece? Como evitar comprar sonhos?

               Primeiramente você identifica sua real necessidade onde realmente você precisa controlar, existem vários métodos para isso, o que eu recomendo é a contratação de uma consultoria especializada que irá te guiar nesse processo. Após encontrar a necessidade você deverá buscar no mercado a tecnologia que melhor te atende, geralmente não vai ser os grandes players do mercado que, infelizmente, estão mais preocupadas em vender os computadores de bordo do que atender a real necessidade do cliente. Assim após definir qual é melhor pra você, inicia-se o trabalho de como utilizar o máximo da ferramenta.

Como utilizar tudo o que a ferramenta oferece?

               Sempre ao iniciar uma implantação de qualquer ferramenta devemos ter um controle absoluto de projeto e processos tendo em vista que se não colocarmos a ferramenta nos eixos logo de cara não teremos capacidade de controlá-la depois.

               Em paralelo com o processo de implementação da ferramenta devemos ter em mente que quando as informações chegarem deveremos analisar não só sua aderência (com que frequência estão chegando?) mas, também sua consistência (se são reais ou não).

               Existe uma metodologia que foi especialmente desenvolvida para tal feito da qual eu tenho orgulho de dizer que fiz parte de quando ainda era apenas um conceito, essa metodologia se chama C.O.A (Centro de Operações Agrícolas).

Mas o que é o C.O.A e pra que serve?

               O C.O.A foi criado para atender uma demanda que antes não existia, que é a falta de analistas preparados para lidar com o montante de informações geradas pelos computadores de bordo. Mas você deve estar se perguntando, “mas a tecnologia já não faz esse trabalho?”, seria arrogância de alguém dizer que conseguimos apenas com a tecnologia trazer resultados significativos para o processo, pois desde seu início a implementação da tecnologia mostra cada vez mais a necessidade de termos uma inteligência gerindo as informações.

Mas e a I.A. (inteligência artificial) não resolve todos nossos problemas?

               De fato, é uma pergunta que várias pessoas fazem, porque ainda não temos uma inteligência artificial trabalhando pra nós ao invés de vários analistas fazendo “Pareto” para encontrar os gargalos?

               Vejam bem, para que uma tecnologia funcione corretamente ela precisa de dados aderentes e consistência para que possa encontrar padrões e aprender com eles, porém hoje o Agro Brasileiro tem uma carência enorme no quesito COMUNICAÇÃO que nenhuma empresa que hoje atua ainda conseguiu resolver 100% salvo algumas startups que estão no processo de trazer melhorias para isso.

               Portanto ainda necessitamos de pessoas que entendem do processo e tem um viés de análise para que com muito esforço consigamos extrair um caldo mínimo de informações que realmente traz resultado.

Mas e o 5G? Não vai revolucionar isso?

               Tendo em vista que a frequência do sinal é mais alta para ter alta capacidade de transmissão de dados seu alcance diminui, sendo assim necessita-se de muito mais infraestrutura para que seu sinal alcance longas distâncias, isso é uma grande barreira para o 5G por enquanto, não estamos dizendo que um dia chegaremos lá, porém duvido muito que no cenário atual as empresas do agro, principalmente as menores, terão o investimento necessário para tal empreitada.

Conclusão

               Hoje as tecnologias ainda são extremamente dependentes de dois pontos COMUNICAÇÃO e RECURSOS CAPACITADOS, sem esses dois pontos nenhuma tecnologia do agro que se preze atenderá a demanda dos clientes, tendo em vista que se o que importa é a redução dos custos, a tecnologia tem que reduzir e ser mais auto suficiente para atender as necessidades reais. O produtor ou dono de agroindústria também deve ficar atento a ilusões e sonhos vendidos, e deve se colocar na realidade do mercado, trazer pessoas que já passaram por experiências parecidas para que não erre no início e consiga colher resultados no final.