Somos o que lemos; veem-nos como escrevemos
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Somos o que lemos; veem-nos como escrevemos

Há alguns meses, uma amiga estava prestes a se formar em área de humanas, em graduação que requer muita leitura, compreensão textual e coerência de expressão de ideias. À época, vivia a angústia de encerrar seu TCC.

Observando algumas postagens suas nesta rede social, identifiquei uma série infindável de percalços em gramática e ortografia. Assim, ofereci meus trabalhos de revisão de TCCs e monografias. Disse ela que não havia necessidade porque colegas de grupo escreviam muito bem e  fariam a revisão. Direito seu, claro.

O Smigg Cursos estava sendo lançado naqueles momentos, inicialmente com apenas o FEB Fale e Escreva Bem - Redação e Expressividade (hoje, seis cursos ao todo). Então, sugeri a ela que participasse. Infelizmente não podia por questões financeiras. Mas a ideologia do Smigg Cursos mantinha - e ainda mantém - parte das matrículas para pessoas que não dispunham de 35,00 mensais (hoje, 50,00). Mostrei essa opção a ela. Ainda assim, não aceitou, alegando falta de tempo.

Nesse tempo todo, suas postagens continuaram com equívocos a mancheias, mas não interferi jamais. Não o faço sem autorização. Como professor e profissional de comunicação, percebo erros, registro-os para mim, mas não corrijo nunca, exceto quando me pedem, como minhas amigas Mileine Navarro e Isabel Bogajo (esta, jornalista que escreve muito bem, mas que incorreu num equívoco com a palavra "final". Ainda que a tenha corrigido "in box", ela própria tomou a iniciativa de torná-la pública em postagem, de forma que outras pessoas também soubessem da regra que envolve adjetivos).

E é com muita tristeza, sem hipocrisia ou pieguismo, que acabei de constatar chacotas em relação a uma postagem da amiga mencionada no início deste texto, em que sugere a eleitores de Alckmin leitura de certo autor do período pós-Idade Média. Seu texto vem com excesso de erros ortográficos crassos e inexpressividade latente.

Eu poderia copiar o texto aqui, mas seria facilmente identificado. Não quero fazer parte do rol de pessoas que a espezinharam, muito menos correr risco de parecer vingativo. Não. Minha intenção aqui é destacar a importância de se saber escrever bem e de se conhecer métodos de análise e produção textual.

Diz um dos espezinhadores que jamais aceitaria sugestão de leitura de alguém que escreva tão mal. Esse, aliás, foi um dos alertas que fiz na época em que conversei com minha amiga. Ela trabalharia em área em que erros de gramática e ortografia teriam peso muito maior e reescreveriam sua imagem profissional. Outro ainda mencionou que, se fosse postagem referente a outro tema, os erros já causariam pânico; imagine-se em postagem que mencione estudos, leituras, compreensão de ideias expostas etc.

Esta minha dissertação tem dois objetivos: alertar para a necessidade de se escrever bem; destacar a ideia de que, quando não se escreve bem, não se interpreta textos de forma coerente. Neste caso, não se sabe o que exatamente minha amiga assimilou dos textos que leu durante sua formação.

Fico pensando nos milhares de vereadores em todo o País que foram (e são) eleitos simplesmente por carisma social e não por competência. Essa função depende exclusivamente da capacidade de compreender muito bem textos de colegas, legislativos, conceituais, e de expressar coerentemente suas próprias ideias no momento de produzir projetos de Lei.

"Certo...", diriam alguns, "mas um vereador não legisla sozinho. Tem uma equipe para auxiliar". O problema é que vereadores nessas condições compõem suas equipes com pessoas amigas e/ou militantes que, certamente, terão o mesmo nível de estudo (e, quando digo "estudo", não me refiro à graduação exclusivamente, pois há grandes leitores/escritores muito bons sem fundamento acadêmico).

Em tempo: o TCCs de minha amiga foi rejeitado, infelizmente.

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