SOU PAI!

SOU PAI!

Sou pai!

Sim, assim mesmo, no afirmativo. Aliás, essa sempre foi a minha mais consciente e completa afirmação como ser humano, como cidadão que sou.

Ser pai para mim nunca foi apenas um sonho - e olha que sonhei bastante com isso -, mas uma realidade paulatinamente construída dentro de mim.

Não nasci pai, me fiz pai.

Só não imaginava nem de perto, que o pai que em mim calava, que com as minhas leituras do mundo eu construía página a página, não necessariamente teria coerência ou convergência com o imaginário de homem e de pai, que os filhos que me teriam como pai um dia buscariam em mim.

Se acertei ou não, isso é o que menos importa agora, pois não há mais como consertar o já feito, não há mais como apagar os inúmeros erros cometidos.

O que me resta nessa altura da história, é experimentar o mais intensamente possível a relação que ainda posso ter com cada um eles.

E esse modelo de relação já não depende apenas de mim, mas de nós. E esse nós, não se dá num coletivo maior que dois. Sim, pois apesar de serem três, os filhos, cada um é único. E essa unicidade é tão idiossincrática que suscita em mim, ser o pai possível para cada um deles.

O primeiro, já adulto, em altivo, leve e livre voo solo - hoje a dois -, ousa agora ser pai também. A mim me resta aplaudir o filho que é e fazer figa para que o pai que nele lateja e se forma, se encaixe bem ao colo da filha que está por vir. Que ela brilhe os olhos ao ver os dele.

O segundo, ou melhor, a primeira, pois mulher, também já senhora dos seus passos de agora, segue e escrever o poema de sua vida com palavras que só as mulheres independentes e apaixonadas por viver sabem rimar. Daqui, da ribalta - pois me quero visto -, eu sigo a ler e me embriagar com cada um dos seus versos.

O terceiro, ora no vigor e com o furor da adolescência, ainda tateia em busca de um propósito que lhe dê asas. Corajoso, sonha grande, visa ir longe, mas carece de uma leitura mais apurada da vida. Ao seu lado, pois ainda próximo, tento soprar um sopro que lhe ascenda as asas, ao mesmo tempo em que lhe sugo o ânimo que me alente a vida. Uma troca que acredito ética, mas que não sei se certa.

É, sou pai! E essa condição seguirá comigo até depois dos meus dias por aqui, pois neles, os filhos, permanecerei. Que os dias que me restam sejam longos e ricos de aprendizado, pois se a paternidade é uma escola infinda, eu sou um eterno aprendiz.

 Francílio Dourado Filho

francilio@e2estrategias.com.br

Patrícia F.

Secretaria Executiva | Presidência FIEC

4 a

Essa escola cíclica e extremamente dependente do ancestral não tem fim... Como bem disse, que sejamos bons o suficiente, para cada um que vive um pouco nós!

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