Storytelling e RP: até onde as estórias podem chegar?
Em julho presenciamos uma revelação intrigante no universo da Comunicação: Hollister, a conceituada marca de artigos para surf, foi acusada de inventar a historia da criação da marca. Você pode saber mais clicando aqui.
É notável o fato de que o público-alvo se apaixonou pela marca justamente pela história que ela contava – um surfista que viajava pelo pacífico com sua amada em um veleiro e que depois montaram uma loja em Laguna Beach, que anos depois é assumida e reformulada pelo filho do casal, tornando-se a Hollister que conhecemos – o que também justifica o conceito e o valor cobrado em seus produtos.
A premissa básica de RP nos diz que conversamos, fazemos a “ponte” e gerenciamos o relacionamento da organização com seus públicos de interesse, e todo relacionamento duradouro é pautado por admiração que resulta em interesse (ou pelo menos deveria ser).
Para falar com esses públicos, uma forma que sempre se mostrou eficiente e tem sido aperfeiçoada no decorrer dos anos é a “contação de estórias”, por trabalhar o lúdico, proporcionar empatia e engajamento, já que para o consumidor não basta apenas saber o que é o produto – é preciso saber sua origem.
Para criar a imagem que a organização deseja passar aos seus públicos, o storytelling se tornou a ferramenta-chave por contar histórias que por essência instigam e emocionam. Muitas marcas têm feito uso dele como objeto de diferenciação no mercado. Já imaginou a Apple sem a história que Steve Jobs protagoniza?
Há quem diga que a Dilleto seguiu o mesmo caminho que a Hollister: acabou criando uma história que, mais do que dialogar com seu público, produzia admiração e até mesmo orgulho em consumir seus sorvetes – e também justificava o valor e segmentava o público. Mas até onde vai o limite do seu uso?
Estórias são, sim, importantes. A formação de nossos conceitos básicos foi feita por meio delas desde os tempos da pintura rupestre. Mas se storytelling é utilizado para mostrar os valores e princípios da organização de forma marcante, cativante e inteligente, cabe ao RP o bom senso de construir uma base sólida para a organização por meio de estórias reais. Caso contrário, ver a imagem e reputação da organização desmoronar é apenas questão de tempo.
Escrito por Daiane Almeida e publicado inicialmente no blog Versátil RP