Sua busca por relevância tem deixado seu público exausto

Sua busca por relevância tem deixado seu público exausto

Você já parou para pensar que seu público pode não estar tão interessado assim em consumir seu conteúdo super-ultra-mega-útil-relevante toda hora?

Vocês lembram que no início da pandemia aconteceu um fenômeno bizarro em que grande parte das pessoas se sentiram na obrigação se usar seu tempo livre pra consumir alguma coisa útil?

Mas aí as coisas foram se acalmando. Afinal, excesso de informação (por mais super-ultra-mega-útil-relevante que seja) cansa nossa cabecinha. Descobrimos que esse comportamento não era saudável.

Eu não sei dizer a hora exata em que isso aconteceu comigo, só sei que, de repente, rolar os feeds e encontrar "5 dicas práticas de como organizar minha vida financeira" ou "10 coisas que ninguém me ensinou sobre empreender" me deixava ansiosa.

Seja por não ter tempo de ler todo aquele conteúdo ou por fazer a leitura e depois descobrir que não tinha conseguido gravar 10% do conteúdo na cabeça. A famosa síndrome do FOMO (que é uma patologia e não deve ser estimulada — alô copywriter).

Além disso, por mais originais, úteis e criativos que fossem, sempre SEMPRE SEMPRE SEMPRE tentavam me vender algo no final.

Sabem o que eu fiz? Editei meus interesses, organizei as hashtags que seguia, bloqueei alguns termos e parei de seguir alguns perfis. Simples. Simples pra mim que trabalho com isso no dia a dia. Simples porque muitas vezes eu mesma já produzi conteúdos assim para as marcas com quem trabalhei. Simples porque eu estudei sobre isso e sei como o algorítmo funciona.

Mas não é simples pra todo mundo.

Fiz uma pesquisa no Instagram e descobri que a maioria das pessoas gostariam de mudar o conteúdo que recebem hoje, só que não sabem como fazer isso. Louco né?

Se de um lado a gente tem os usuários exaustos com o excesso de conteúdo, de outro temos as marcas produzindo conteúdo enlouquecidamente. Essa roda é alimentada por nós e deve ser questionada impiedosamente.

Produzir conteúdo é importante, não me entendam mal. Mas está na hora de pararmos um pouquinho, respirarmos três vezes e pensarmos sobre o quanto aquela carga de informação toda pode ser prejudicial pro nosso público.

Principalmente em uma época pandêmica onde o bem-estar é (e deve seguir sendo) super valorizado, passou da hora de olharmos com mais empatia e compaixão para as pessoas que estão nos seguindo e comprando nossos produtos.

Será que elas merecem essa enxurrada de informações só porque minha meta do mês é subir cinco posições no Google?

As pessoas merecem o nosso cuidado na hora de escrevermos, sua marca deve sim produzir conteúdos bons, relevantes e cheios de boas sacadas. Mas você não precisa fazer isso sempre.

O excesso de informação está nos adoecendo e eu definitivamente não quero fazer parte disso.


Margarida Goldschmidt

Designer Conversacional | Content Designer | UX Writer

3 a

Em conteúdo, acredito que tem horas que o "menos é mais" deveria ser lei. Um conteúdo relevante, com sacadas e contribuições para a vida do leitor é muito melhor que três não tão bons assim, produzidos com menos cuidado, na ânsia de "se fazer presente" e conseguir uma resposta imediata. Construir relações reais e duradouras com os consumidores demanda investimento, tempo, pesquisa, cuidado e carinho com quem está do outro lado. Excelente reflexão, Nat!

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