Substantivo Feminino: para aprender a ser singular novamente
Sustentabilidade e preocupação com o Meio Ambiente não pode ser uma bandeira partidária.
A maturidade de unir-se a pessoas com visões políticas contrárias para defender uma causa comum precisa ser resgatada, e as atuais dicotomias superadas. Esse desafio curiosamente tornou-se chave para aquisição de uma maturidade política e chave para o desenvolvimento tanto no país de onde vim, Brasil, como no país que escolhi morar, os Estados Unidos.
Hoje precisamos mais do que nunca nos assumir como indivíduos, no que diz respeito a causas que acreditamos, aos valores que escolhemos, em vez de simplesmente assinar abaixo de uma sigla e dizer amém para tudo.
Mês passado foi lançado o documentário 'Substantivo Feminino' , de Daniela Sallet e Zapata Filmes, que retrata os anos de luta de Magda Renner e Giselda Castro, duas senhoras de alta sociedade, pertencentes a elite financeira e intelectual, que decidem juntar-se a 'cabeludos' e pessoas com diferentes berços para defender uma causa que as afetava profundamente: a destruição do planeta por ações danosas do próprio homem.
A mim, o filme toca de forma particularmente emotiva, pois Magda era minha avó, e eu acompanhei de dentro tanto a metamorfose individual como a trajetória da pessoa pública. Quando abraça-se uma causa, existe uma entrega que acaba trazendo um custo pessoal, não só para o próprio indivíduo, como para aqueles que estão próximos. Eu escolhi morar com meus avós durante muitos anos, pois identificava-me muito com essa visão de vida: nós somos nós, mais aquilo que escolhemos acreditar, as causas que decidimos abraçar...a forma como escolhemos dedicar nosso tempo e dinheiro nos modifica...
Uma outra conseqüencia dessa convivência foi a forma muito peculiar como encaro aquilo que é o "feminino" no mundo. Não roupas, maquiagem, a cozinha, mas a visão de mais longo prazo, já que somos nós mulheres que no final vivemos para nossos filhos: temos um alinhamento atávico maior para com a melhoria do futuro do que aquilo que é masculino. Também: como mulher, ser substantiva, e não objeto. O título escolhido demonstra que Daniela Sallet entendeu muito bem a essência dessas duas figuras...
O filme é singelo, um documentário de baixo custo, mas resgatou com delicadeza algumas questões universais e que são bastante importantes para o momento presente. Devemos tomar para nós nossas causas, e não entregarmo-nos a legendas. Não tenho outra coisa a dizer senão "assistam".
Abaixo, o trailer: Substantivo Feminino - o trailer