Suits: a série que vem me ensinando e incentivando a ser um ser humano 1% melhor a cada dia.
Tenho uma certa apatia a hábitos improdutivos que consomem horas preciosas da nossa vida, que se revelam extremamente improdutivas. Sou apaixonado pelo ócio criativo como forma de descansar, onde podemos parar alguma tarefa que exige concentração afim de fazer algo prazeroso e recreativo.
Já fui uma daquelas pessoas que passava longas horas na frente de um video game fazendo meu time do Fifa se tornar o melhor do mundo, vendo filmes e séries torcendo para que fulano se dê bem. Nunca cheguei a fazer maratona de seriados ou longas, mas já fui daqueles que passava quase 6 horas do meu dia nos jogos, construindo grandes impérios no Age Of Empires ou pegando um time da 2ª divisão alemã e levando ela a final da Champions League. Tudo muito bonito e heróico, mas com um pequeno porém: o protagonismo estava naquilo que eu estava aplicando atenção e nunca em mim. Minha vida fora do virtual ou das telas da televisão, estavam na média, sem expectativa de crescimento, acomodado em meu emprego e fazendo coisas básicas.
Como poderia eu construir grandes coisas no mundo virtual e a minha vida, que julgo ser a mais importante, ficava totalmente de lado? Não fazia muito sentido eu querer que o Vegeta superasse o Goku, que o meu Império no jogo dominasse toda a Europa ou que o meu time no jogo de video game estivesse na elite do futebol mundial, mas eu não usar nem que fosse 1% dessa motivação na minha vida real. E chegou um dia em 2016, que após passar quase 8 horas diante de uma tela de video game bolando estratégias para contratar fulano ou ciclano para o meu time, vendendo beltrano com uma quantia x de dinheiro, que um pensamento veio e disse: Tá na hora de você parar de ser da platéia e começar a ser protagonista da sua própria história.
Não gosto de uma vida 100% trabalho e assim como todos eu mereço um descanso nas minhas horas "vagas". Diferente de antes, passei a prestar atenção no que me empoderava, me agregava valor e, mais importante, mantivesse acesa a chama do protagonismo na minha vida, mesmo nos meus passatempos. Como dito acima nunca fui fã de ver várias séries, mas as poucas que eu assisti me serviram de fonte de exemplo, conhecimento e aprendizados: O Mentalista, The Crown e Suits. E (curioso ou não) quando falo destas séries com alguém, dificilmente eu falo que fulano é melhor que ciclano, preferindo algo como: Cara eu aprendi sobre Lealdade no momento em que o fulano não entregou o ciclano....
E por que eu coloquei Suits no tema do artigo e até agora não falei sobre a série em si? Porque dessas séries que eu mencionei, nenhuma foi no curtíssimo prazo tão impactante e disruptiva como Suits. Não sei se porque recentemente eu venho estudando mais sobre Alta Performance, Desenvolvimento Humano e Autoconhecimento, mas a minha visão de aprendiz nunca foi tão aplicada quanto no momento atual.
Para quem não gosta de fazer maratona de séries, assistir as 8 temporadas 3 vezes em 4 meses, é algo totalmente inédito. Porém diferente de antes, não se restringe a assistir e torcer apenas para um vencer o outro e etc... Percebi que dessa vez eu passei a me questionar porque eu quero que um ganhe tal caso e porque eu abomino o comportamento do outro. E mais do que isto, ao fazer esses questionamentos, eu olho para o meu cotidiano e busco ver se estou me comportando como aquele que eu modelo ou que abomino.
Em 2019 tive um momento de grande reinvenção total na vida, que afetou profundamente meu Pilar Profissional e dedicar de 2 a 3 episódios por dia está servindo como um grande incremento no meu novo Mindset. Minha relação com o meu trabalho foi remodelada por uma série de fatores, como estudos, amizades exponenciais e principalmente, meu ócio criativo favorito: Suits.
Sempre que vou ver um episódio, coloco máxima intenção de querer aprender algo novo, mesmo que já tenha visto aquele episódio em específico. E sendo extremamente sincero neste comentário, mas aprendi muito e apliquei muito mais coisa em 2 episódios de Suits do que em um semestre em uma sala de aula na Pós Graduação. Cheguei em meu trabalho no dia seguinte com uma criatividade maior, mais motivado ou determinado a encontrar um problema apenas para solucionar. É isso que acontece quando dedico 2 horas do fim do meu dia para aprender com Harvey Specter, Mike Ross, Jessica Pearson, Donna Paulsen, Louis Litt e Rachel Zane.
Passei a cuidar mais da minha aparência, a ser mais determinado em meus objetivos, a me relacionar de forma mais assertiva e a nunca desistir diante de uma adversidade, pois se tem algo que aprendi no caso de Ava Hassington na 3ª temporada é que as coisas pioram muito antes de melhorar. É como se meus padrões de vida se adaptassem ao que vejo em Suits sobre Lealdade, Humildade, Coragem e Honra, me impedindo de fazer algo que eu não gostaria de ver na série.
Assistir as 8 temporadas 3 vezes em 4 meses me permitiu aprender e aplicar muita coisa. Algumas delas:
- Quando se trata de família, o perdão é mais importante que a raiva (Harvey Specter)
- Que lutar por uma causa que realmente faz sentido para você é capaz de fazer com que você mova montanhas para vencer (Mike Ross e Robert Zane)
- Que enquanto eu não perdoar o meu passado, o meu presente e futuro nunca serão plenos, pois serei vitima de meus próprios demônios do passado (Harvey Specter e Louis Litt)
- Que teimosia nem sempre é algo ruim e que se for canalizada para algo puro, pode se revelar uma grande força (Mike Ross)
- Que todos temos as nossas recaídas e que isso faz parte da vida, mas que nunca devemos nos identificar com elas (Mike Ross)
- Que existem pessoas que aparentam serem formidáveis em tudo que fazem, mas que podem cometer erros em situações de pressão (Donna Paulsen e Harvey Specter)
- Que o mundo pertence aos vencedores e que os vencedores são aqueles que pensam fora da caixa e que não levam seu trabalho como obrigação, mas como uma paixão (Harvey Specter e Mike Ross)
Um último ponto extremamente importante é o que diferencia Idolatria e Modelagem. O caminho mais fácil é a idolatria, onde tentamos copiar o personagem que admiramos, mas sem base alguma. Nos vestimos igual, criamos um visual totalmente idêntico e até falamos as mesmas frases, esperando que isto nos ajude em algo. A grande verdade é que a idolatria nada mais é do que o assassinato da sua própria personalidade. Eu prefiro e aplico a Modelagem por uma série de fatores: não existe personagem 100% perfeito e busco "imitar" o personagem em Sentimento e Ação.
Se tem algo que Suits me ensinou foi que não existe essa de personagem 100% exemplar, pois todos ali tem qualidades e defeitos. No momento em que você assume a posição de que um é melhor que o outro, deve entender que precisa aceitar os defeitos desta pessoa também e é aí que a Modelagem entra em ação. Tenho uma preferência grande pelo sucesso de Mike Ross e Harvey Specter, mas não por eles e sim por mim. Me identifico muito com eles nas qualidades e nos defeitos principalmente. Harvey, por exemplo, começa a série se mostrando a prova de balas, mas que ao longo da série vai demonstrando uma fraqueza maior que a outra, mexendo com sua imagem de invencível. E o que mais me toca é ver como ele se aproxima da realidade de qualquer pessoa, que tenta esconder a sua escuridão brilhando ao máximo a sua luz. E a forma como ele lida com seus defeitos, assim como Louis, Mike e Donna se torna uma grande inspiração para mim.
E nisso eu vejo a questão de "Imitar" a pessoa em Sentimento e Ação. Quem idolatra torce pelo bem do outro, quem modela se pergunta como ele pode atingir aquele estágio que o personagem chegou. Quando vejo Louis perdoando seu passado gradualmente, eu me realizo, pois me impulsiona a querer fazer o mesmo. Quando vejo Harvey quebrando suas próprias barreiras para perdoar sua família, isso me impulsiona a fazer o mesmo. Quando vejo Mike buscando uma vida melhor para sua avó e sua futura esposa, isso me impulsiona a fazer o mesmo. Mas tudo dentro da MINHA realidade, no meu tempo e com a minha personalidade. Eu entendo que não se trata da vitória deles e sim da minha. Eles me ajudam a identificar comportamentos patológicos em mim e até mesmo como resolvê-los.
Dá para perceber como esta série mexe profundamente comigo pelo tamanho do texto e com as palavras que escolhi usar. Suits se tornou a minha universidade da vida, onde todo final de dia, das 18h as 20h eu dedico atenção plena aos meus professores queridos: Harvey Specter, Mike Ross, Jéssica Pearson, Louis Litt, Donna Paulsen, Rachel Zane e outros.
E aí, como você tem aproveitado o seu momento mais criativo do dia?
Por Luiz Henrique Queiroga