Superdotação e Altas Habilidades por Howard Gardner

  1. Ao se pensar em altas habilidades e superdotação, algumas ideias estão muito presentes no senso comum. Poderíamos nos remeter a imagens de pessoas conhecidas que se tornaram famosas pelas suas características peculiares no que se refere à inteligência, à personalidade ou à criatividade
  2. Poderíamos citar personalidades como: Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Mozart e outros que deixaram contribuições científicas e artísticas para a nossa sociedade. Entretanto, muitas vezes, apresentamos uma ideia estereotipada sobre a superdotação, remetendo-nos somente a pessoas que se destacaram significativamente na sociedade, e a mídia reforça essas ideias, resumindo pessoas talentosas a indivíduos cujo conhecimento acadêmico é precoce e que apresentam habilidades maravilhosas. No entanto, pessoas com altas habilidades e superdotação podem estar mais próximas do que pensamos. Podemos encontrar pessoas em entidades com propensões a grandes habilidades em contextos sociais, como é o caso, por exemplo, da instituição escolar. Contudo, muitas vezes, esses sujeitos não apresentam ainda consciência de seus talentos, por considerar que, mesmo talentosas, suas habilidades não estão inteiramente prontas ao nascer, elas precisam ser desenvolvidas no decorrer da sua vida. Quando as habilidades de um sujeito não são identificadas, seus talentos podem permanecer escondidos por muitos anos ou, às vezes, por toda a sua vida.
  3. Para Winner (1998), crianças superdotadas são precoces e progridem mais rapidamente que outras crianças, por apresentarem mais facilidade em uma dada área.

Há relatos de trabalhos com alunos com altas habilidades no Brasil consolidados pelo incentivo de uma professora chamada Helena Antipoff. A partir da compra de uma fazenda em Minas Gerais, nomeada de Fazenda do Rosário, em 1940, Antipoff deu início a um programa de atendimento escolar ao aluno com altas habilidades do meio rural, conforme nos descreve Alencar (2001, p. 87, grifos do original):

O interesse em organizar programas educacionais para superdotados teve início em nosso país com o trabalho da professora Helena Antipoff, que veio para o Brasil em 1929 e que, desde os seus primeiros anos aqui, chamou a atenção para o aluno que se destaca por suas potencialidades superiores, a quem preferia chamar de bem-dotados. Esta educadora publicou vários estudos, como “Primeiros casos de Supernormais”, em 1938, “Campanha da Pestalozzi em Prol do Bem-dotado”, em 1942, e “A criança Bem-dotada”, em 1946, estudos estes reunidos recentemente em livro organizado por Daniel Antipoff (1992). O seu trabalho na área teve início em 1945 no Instituto Pestalozzi do Brasil, no Rio de Janeiro, através de reuniões com pequenos grupos de alunos com um potencial superior para realizar com eles estudos sobre a literatura, teatro, música. Alguns anos depois, a professora Helena Antipoff deu início, na Fazenda do Rosário, a um programa de atendimento ao aluno bem-dotado do meio rural e da periferia urbana, programa este que foi continuado até os dias de hoje, sob a coordenação do professor Daniel Antipoff. Ainda em âmbito nacional, as Altas Habilidades e Superdotação tiveram os seus primeiros registros na forma legal com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 9º: “Os alunos que apresentam

deficiências físicas ou mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação” (BRASIL, 1971, s.p.).


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