Tá moscando, ê?

“Tá moscando ê, Brown?”. Se você já leu antes essa frase ou viu esse meme, talvez esteja um pouco mais ligado no assunto sobre o qual eu escrevo. Se não, pode ser que saiba que enquanto você lê este artigo está em andamento uma revolução nem um pouco silenciosa no perfil do profissional desejado pelas empresas. Se nem uma coisa, nem outra, é possível que você esteja mesmo moscando.

Deixa eu te contar a história do meme.

Mano Brown, dos racionais MCs, 51 anos é o maior rapper brasileiro, ponto. O cara é o melhor contador de histórias que eu já ouvi e um dos mais importantes artistas de nossa época. Um dos maiores do mundo. Mas, assim como eu (e talvez você), não é um sujeito que cresceu com um smartphone nas mãos, conectado numa rede social. Em uma live no Instagram, em dezembro de 2017, acionou sem querer um filtro de bichinho. Um fã tirou uma casquinha e viralizou. Brown não foi o único: outros artistas e figuras públicas já fizeram o mesmo, atrapalhando-se com novas funcionalidades em aplicativos.

Agora, e no mundo profissional, quantas gafes ou expressões de “WHAT?” presenciamos ou mesmo protagonizamos por não acompanharmos a rápida transformação digital?

Em outubro de 2020, o EMF (Fórum Econômico Mundial) publicou seu relatório Future of the Jobs. As 163 páginas do documento abordam o mercado de trabalho por região, por setor, os impactos de ações governamentais de auxílio e fomento à geração de empregos durante a pandemia e também as habilidades que as empresas já demandam hoje e das quais precisarão ainda mais no futuro próximo.

O trabalho já reflete a digitalização nas empresas, o comércio eletrônico, o uso de inteligência artificial e a expansão do trabalho remoto. Tudo que foi incrivelmente acelerado pela pandemia do COVID19. O mercado trabalho definitivamente não passaria intocado por uma das maiores tragédias da humanidade.

Um dos pontos mais interessantes e impactantes do estudo mostra quais profissões estariam em baixa (entre elas Analistas Financeiros, Gerentes Gerais e de Operações, além de uma grande quantidade de funções relacionadas à entrada manual de dados em sistemas) e quais são as 20 especialidades mais “desejadas” pelas empresas, as quais trazem no pódio: Cientistas de dados, Analistas de inteligência artificial e machine learning e especialistas em Big Data.

Mas, calma, boomers e geração X. Há também boas notícias para nós. A Mckinsey dedica uma parte de seu relatório Managing Tech Transformation, de maio de 2021, à necessidade e possibilidade do reskilling. A publicação afirma que a transformação digital também é uma ferramenta poderosa para transformar o conhecimento dos profissionais que já se encontram no mercado e nas empresas. Segundo a consultoria estadunidense, um motorista profissional pode se tornar um Front End Developer em quatro a cinco meses, dedicando-se de cinco a dez horas por semana. Um profissional de atendimento no setor hoteleiro pode se tornar um desenvolvedor na plataforma Android em seis meses, com dez horas de estudo semanais.

Portanto, sim, o mercado está mudando, muito rápido. Um montão de profissão vai desaparecer, mas a demanda por novas habilidades está cada vez maior e nós sempre podemos adquiri-las. Não fique moscando. Leia os relatórios, desenhe sua estratégia e transforme-se no profissional que elas (as empresas) desejam. Dá tempo.