Télios: O Estranho Caso Do Observador e o Do Observado
Há um Espelho exposto a frente de outro espelho, se observa curiosamente, tentando desvelar a si mesmo, sem, no entanto, atinar para o fato de ser um mais espelho, alocado entre dois espelhos.
Olhando para seu verso, ele pode notar o trajeto pretérito de uma extensa e exaustiva jornada; e, observando em seu anverso; ele contempla o longo caminho de uma nova jornada a ser percorrida. Contudo, ele não enxerga a si mesmo, como soma, nessa eternal jornada, que reúne tudo aquilo que já foi, o que é, e, o que será.
Deste modo, separado de si mesmo, por meio dessa imagética representação, ele se vê incompleto, mesmo sendo perfeito, acabado e feito. Ou seja, ele se perde frente a própria imagem, tentando buscar a si mesmo, dentro de um tempo perdido.
Evidentemente, durante o desenrolar deste bizarro processo, ele acaba se enroscando em religiões, mesas de bares e divãs, praticando o intrincado ritual de uma busca fadada ao malogro.
Assim sendo, com seus olhos fixados no objeto, ele tece conjecturas, críticas e julgamentos, distanciando cada vez mais de si, nessa frenética busca por explicações, justificativas e conclusões; aumentando cada vez mais, o seu grau de insatisfação e não pertencimento.
Desta maneira, ele se amarra avidamente aos nós, prendendo-se a mitos, crenças e bengalas, mantendo-se tenazmente agarrados a eles, para equilibrar-se sobre essa linha de tempo por ele mesmo criada.
O medo de se soltar, e o infundado temor de tombar dessa corda bamba, é a energia que lhe conduz nesta intrépida caminhada, em meio a própria escuridão, aonde vive como uma planta, que, não se percebe como desdobramento de uma potente semente.
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Portanto, enquanto não mergulhar em sua própria raiz, internando-se no fundo de si mesmo, para reunir-se consigo na espiral do seu próprio tempo vibracional; não existirá a possibilidade de reconhecer-se no fractal desse espelho que o projeta em seu próprio infinito; sem se perder no labirinto do próprio esquecimento.
O exercício do autoreconhecimento, faz que nos reconheçamos como Fonte Criativa, nos percebendo como átomo-semente do Incriável; o Princípio e Fim, Alfa e Ômega, Yng e Yang, fruto da Sabedoria na Árvore Da Vida, refletido entre os espelhos desta Encantada floresta Cósmica da Existência.
Portanto, torna-se cogente, adentrar através do escuro portal da selva interior, assombrada pelas aterrorizantes sombras dos medos, desejos e fantasias que nelas se ocultam.
Para lograr êxito nessa empreitada, deve-se fazer uso da luz própria, como guia infalível, nessa jornada interior, aonde Narciso, Medusa e Midas não poderão permanecer como companheiros de viagem.
Deste modo, somente mergulhando no portal do próprio espelho, sem olhar para trás, nem permitir se perder entre os meandros de conjecturas fantasiosas e conceitos desviantes, tal viagem, entrelaçará a trama das linearidades, tecendo uma espiral de verdades atemporais, que se revelará através do próprio escrutínio.
Consequentemente, a majestosa Rosa, terá seus espinhos despontados como girassol, acompanhando as vibrações emanadas do próprio espelho, que projeta o seu céu sobre a terra, sem a presença do opaco e difuso véu, que cobre o diáfano nosso de cada dia. Finalmente, assim, a imagem perderá o poder de ocultar coisas, confundindo míticas holográficas, com realidade de fato, permitindo contemplar o universo, de forma plena e autêntica.