Taneando, gameficando e respirando
Direto de Alamada, próximo a Lisboa, em Portugal, estou a tanear. Tanear é um verbo criado depois que a inspiração partiu: Tania Mara Galli Fonseca.
Tanear é dar voz, é ousar, é lutar, é calar, é revoltar, é rasgar-se para encontrar o que nem se sabe.
Foi o que aprendi com Tania. Foi preciso alguns meses para novamente sentir sua ausência, para encontrar o caleidoscópio multicolorido, duro, mole, fluído, alegre e triste: o tanear.
Com a partida de TGF e como as mudanças, posso tanear algo que fiz. Ser professora, o que não sou mais, porque estar em sala de aula hoje é uma outra relação. É estar com, de forma não assimétrica e sim, de forma colaborativa. É sentir-se ao lado e tentar suavemente tocar o outro e, quem sabe, fazer aquilo que hoje parece estar difícil: pensar e fazer desvio daquilo que está posto e prescrito. Sim, o outro pensa, de um modo, que na posição de professora não o conheço, porque não sou ele, mas posso, de um jeito múltiplo e colaborativo provocar pensamento, ideias, desvios na velocidade que ele domina e suporta, para fazer a diferença.
Posso tanear algo que faço. Trabalhar. Afinal, o mesmo se dá nas organizações de trabalho. O prescrito está cada vez mais incerto, não no determinado e dificilmente no descrito. Para liderar nas organizações, se faz necessário dar borda, criar certos limites para a autonomia, para o fazer do jeito que se é, do que se permite ser. Sim, está muito mais complicado, muito mais... Porque agora o processo do trabalho é solitário (no sentido literal de estar só) e coletivo (porque é preciso o outro para poder ser solitário). Não é mais problema, e sim paradoxo. É, a todo momento, fazer escolhas.
É preciso lucidez para exercitar o livre arbítrio e entrar no flow do paradoxo.
Posso tanear no que tenho feito. Uma proposta que surge é o gameficar do aprender, dos processos de trabalho, para desenhar trilhas. A gestão dos processos de trabalho no modelo gameficado desenha e propõe diversos modos para o sujeito. No flow vem à mente um pensamento: Sujeito? De sujeitar-se ou de se subjetivar? Não é problema, é paradoxo; é escolha e, para isso, se faz necessário o pensar, o fazer desvio.
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Hoje, pode-se ser um ente que se sujeita e joga conforme fluem as complexidades. Ou pode-se ter a exata dimensão do que se é, se pode e se quer, para então fluir nessa complexidade. O sujeito faz a sua trilha, faz o seu legado nas incertezas, da ambiguidade e da vulnerabilidade que é o estar no mundo.
Posso tanear a partir de tudo isso. Lecionar, trabalhar, gameficar. É como respirar. É expandir e contrair, como fazemos a todo momento que respiramos para viver. Afinal, cada um de nós respira do seu jeito. Tem-se os modelos prescritos de respiração com sua justificativa: uma “respiração cachorrinho e uma respiração forte” para nascer um bebê; o primeiro respirar para viver; o respirar de praticar yoga e pilates; os outros estilos de se respirar e viver. Afinal, os processos são desenhados e criados para compor trilhas de tanear, gameficar e respirar.
Até breve!