Tecnologia é "meio", não é "fim".
O mercado financeiro, bem como o setor de recebíveis, tem sido constantemente “bombardeado” pelas novas tecnologias, principalmente as chamadas “disruptivas’.
Por definição, tratam-se de inovações capazes de provocar ruptura a algo que já exista no mercado, seja uma tecnologia consolidada, produto, serviço ou até um modelo de negócio tradicional.
Trazendo para nossa realidade, entendo que a inovação tecnológica, (não restrita à tecnologia isoladamente) é uma necessidade inquestionável que deve ser encarada como rotina por qualquer gestor, seja na quitanda da esquina, no sistema financeiro ou no maior dos FIDC´s.
Sou adepto ferrenho das inovações tecnológicas, mesmo sendo um “bronco” na sua utilização. Já as crianças, parece que nascem sabendo, né?
A agenda BC#, impulsionada na gestão do Presidente Roberto Campos, reitera ainda mais a necessidade de nos atualizarmos tecnologicamente e fazer coisas antigas de novas maneiras.
Na gestão de recebíveis, inúmeras e novas tecnologias têm sido implementadas ao nosso dia-a-dia, agregando valor, reduzindo custos, aumentando a segurança das operações e, copiando a frase da moda, “melhorando a experiência do usuário”.
Por outro lado, tenho percebido uma preocupação desproporcional com investimentos em T.I, talvez sem a devida preocupação com nosso modelo de negócio que, em minha humilde opinião, ainda se perpetuará por muitos anos, por uma série de razões, sejam culturais ou mesmo comportamentais.
Sempre pensei em tecnologia da informação como um “MEIO” para atingirmos nosso maior objetivo no mercado de recebíveis, que é: “remunerar adequadamente nosso capital e investidores através da oferta de crédito alternativo e conveniente”. Qualquer definição purista diferente dessa, é frase feita do menu “Missão e Valores” do tal “politicamente correto”, fica bonitinho para colocar no site institucional ou na plaqueta ao lado da foto do fundador, mas não tão bonitinho no DRE.
O que oferecemos é;
Alternativo, porque sempre marcamos presença em mercados onde grandes players preferem não atuar.
Conveniente, porque sempre oferecemos personalização, cliente a cliente, operação a operação, respeitando suas particularidades.
Por motivos, os mais variados, a demanda por nossos serviços jamais será extinta, mas por outro lado, temos que reconhecer que a nova realidade concorrencial não dá mais espaço para amadorismo.
Pensando nisso, as perguntas a serem respondidas, antes que se gaste fortunas com esse ou aquele “APP bacana”, que lhe prometeu transformá-lo em “Fintech altamente competitiva”, são as seguintes:
1) O mercado onde atuo é receptivo à nova tecnologia?
2) A tecnologia que vou agregar aumenta minha capacidade produtiva ou minha escala?
3) A nova tecnologia não burocratiza os processos para meus clientes?
4) Estou de fato criando uma vantagem competitiva frente minha concorrência ao adquirir tal tecnologia?
5) Vou simplificar processos internos ou extinguir “retrabalhos” ?
6) Vou reduzir custo de mão de obra ou possibilidade de realocação mais produtivo da mesma mão de obra?
7) Vou aumentar a segurança geral das minhas operações com a implantação da nova tecnologia?
8) O que você acha que seu cliente considera mais importante como “experiência do usuário”? Interface de App bonitinha ou maior “tranche” para entrega de canhotos?
9) Esse é o momento macro-econômico adequado para tais investimentos?
10) Correrei riscos com “custos invisíveis” ao implantar tal tecnologia? (Perda de clientes, fraudes internas, migrações onerosas, etc).
Entendam que meu alerta tem duas vias: A atenção para a necessidade latente de atualização e profissionalização tecnológica na sua empresa de recebíveis e o planejamento prévio cuidadoso para eventual implantação.
Lembrem-se que sempre nos destacamos do mercado financeiro tradicional justamente por nossas características de personalização, flexibilidade e desburocratização. O que não significa que devamos abrir mão da combinação de processos bem estruturados com procedimentos regrados e disciplinados. Além da tecnologia em si, devemos nos preocupar com inovação e criação de produtos financeiros que de fato aumentem e diversifiquem nossas receitas, enquanto geramos vantagem competitiva. Está aí a operação “sacado-âncora” que não me deixa mentir; uma operação simples, mas de ótimo retorno.
Por outro lado, se amanhã todos nos transformarmos em um “Nubank”, o agiotinha da cidade, com sua calculadora de rôlo, vai acabar “abocanhando” seu cliente, que por sua vez vai usar o SEU APP pra mandar sua operação pro cara...
Boa sorte!!